terça-feira, 18 de maio de 2021

A tribo dos idiotas

Fica em casa, usa máscaras, vai à rua apenas para o essencial, lava muiiito as mãos, não economiza álcool em gel, foge de aglomerações como o diabo da cruz. Já soma mais de ano sem abraços. Teme o vírus, respeita a vida – a sua, a dos outros.

São os “idiotas”, segundo o inominável presidente da república. Assim mesmo com letra minúscula. Em dois anos de mandato, o indigitado reduz e desqualifica a Presidência e a República.

Como se o ouvido da república fosse penico, o desqualificador bravateia besteiras diárias. Sempre deselegantes, chulas, rastaqueras.

Ganhou permissão para os abusos quando, em abril de 2016, ao votar pelo impeachment da presidente Dilma, no plenário da Câmara, homenageou um torturador. Não saiu preso. Nem foi oficialmente repreendido.
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O Brasil admitia o sem limite da autoridade constituída, eleita.

Cinco anos depois, aqui estamos a assistir o prazer no desrespeito diário ao cargo, à população que ainda guarda algum sentido de amabilidade e cortesia.

Sorridente, o abusador chefe exibe gosto em avacalhar o bom senso e atiçar os que ainda distinguem espontaneidade de falta compostura, desfaçatez.


Triste assistir suas costumeiras afrontas reproduzidas em milhares de páginas diárias das grandes e pequenas mídias, das sérias, das fakezeiras – essa praga que batizou de mito o nada*.

E ele sabe que desfruta da visibilidade que jamais sonhou, nem merece, porque é uma coisa**. Disso não passará. Na História ficará mesmo como o coiso, um sujeito sem educação, nem postura, que um dia sentou na cadeira de presidente e coisificou o país.

Pois então. Quando precisamos de competência e sobriedade de um estadista, temos esse que se define como imorrível, imbroxável, incomível.

Tocados como “idiotas”, chegamos à liderança mundial de mortos na pandemia – 435 mil ou 0,22% da população, que o imorrível deve considerar uma merreca de morríveis, broxáveis e comíveis. Os que, na tribo dos idiotas, tiveram o “CPF cancelado”.

Difícil não ser monotemático.

Dicionário:

*Nada – substantivo masculino – significando: coisa nula, sem valor; o que não existe; o vazio. Categoria filosófica que representa o não-ser, a ausência de existência.

**Coisa – substantivo feminino, significando: objeto ou ser inanimado.

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