Os mais otimistas sinalizam descobertas revolucionárias na medicina, novas vacinas, integração solidária entre as nações no combate a doenças, maiores investimentos em saúde e no bem-estar.
É razoável apostar em passos adiante. Mas há de se reconhecer o atraso na vida de uma geração, obrigada a permanecer em casa assistindo aulas virtuais. Aliás, esse ensinamento a distância deixa a desejar. Passar quatro horas ouvindo um ou dois professores, em sequência, ministrando aulas para uma plateia virtual é muito cansativo. Poucos prestam atenção, a interação é escassa e o diálogo essencial se perde na monotonia.
Imaginem o atraso de um semestre ou um ano na vida de um estudante. Mais adiante, terá de haver um esforço extraordinário para recuperar os passos perdidos. Se essa metodologia for adotada pós-pandemia, terá de ser recauchutada.
Milhões de micros, pequenos e médios negócios fecharão as portas e o empresariado terá de enfrentar o desafio do recomeço, talvez em outra área. Remontar o que o vírus corroeu. Os gigantescos conglomerados, embora sofram também, acabam sobrevivendo no jogo do perde e ganha.
No plano espiritual, mentes e corações maltratados pelos impactos emocionais e racionais desabam no despenhadeiro da depressão e da angústia, repassam suas vidas, o tempo perdido em apostas sobre o futuro. Tem sentido pensar em um novo modus vivendi para o amanhã? Claro, milhões de pessoas não serão atingidas pela depressão. Continuarão insensíveis às intempéries da vida.
Mas volto os olhos àqueles que pensam sobre sua existência, sofrendo com tantas injustiças, indignados com a corrupção na política e a manipulação das massas, com os desvarios de governos. Penso nos milhões que estão fora da mesa do consumo, famintos em acampamentos isolados ou devastados por guerras, nas milhões de crianças recém-nascidas que não chegam a viver para compreender o que são e onde estão.
Pensamentos e reflexões na crise. E aqui, o que poderá acontecer? Em tempos normais, a hipótese se configuraria como verdadeira: Jair Bolsonaro não completaria o mandato. As situações absurdas e a ineficiência de seu governo abasteceriam os estoques de contrariedade e a pressão da sociedade seria implacável. Mas, com a pandemia, qualquer ato político impactante semeará o caos no país. Resta a pressão por mudanças no comportamento do presidente, na motivação dos políticos para promover as reformas, na força aos governos estaduais e municipais para que conduzam bem sua guerra contra a Covid-19.
Quanto às eleições de novembro, que os candidatos reflitam sobre seu discurso e procurem realizar um ato de contrição. Sejam simples, modestos, honestos e sinceros. Amanhã será outro dia.
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