Jair Bolsonaro é um fenômeno da enganação política semelhante a Jânio Quadros e a Lula da Silva. Seu carisma é impressionante, apesar de ser um governante omisso, que se dedica à reeleição (ou ao golpe) 24 horas por dia. Em 2018, o eleitorado votou nele julgando que iria tomar as seguintes iniciativas: 1) lutar contra a corrupção e a favor da Lava Jato; 2) reduzir os privilégios e penduricalhos salariais dos três Poderes; 3) conter os gastos do governo; 4) colocar na cadeia os criminosos e corruptos, reduzindo a criminalidade; 5) criar empregos e diminuir a desigualdade social.
Essas cinco metas eram a sensacional plataforma do candidato que empolgou as massas, mesmo sem verba vultosa para a campanha e sem horário gratuito no rádio e TV.
Agora, já se passou mais de um ano de governo, mas nem se pode fazer um balanço, pois tudo continua em gestação. Na verdade, o presidente ainda não fez absolutamente nada quanto às promessas de campanha. Vamos conferir, item por item.
1 – Lutar contra a corrupção e fortalecer a Lava Jato – No tocante a esse quesito, Bolsonaro se omitiu claramente e até torceu contra, pois não fez a menor pressão no Congresso para aprovar o Pacote Anticrime do ministro da Justiça, Sérgio Moro.
Além de rejeitar o Pacote, o Congresso aprovou um projeto a favor do crime, ao criar a Lei do Abuso de Autoridade, e o presidente não protestou. Enquanto isso acontecia no Congresso, o Supremo extinguiu a prisão após segunda instância, para garantir a impunidade das elites, e Bolsonaro também não disse uma só palavra contra, porque seu interesse era proteger os filhos, envolvidos em rachadinhas e funcionários fantasmas.
E assim a Lava Jato sofreu um retrocesso impressionante, enquanto Bolsonaro se dedicava a tentar demitir Sérgio Moro, por considerá-lo um futuro oponente.
2 – Reduzir os privilégios e penduricalhos salariais – Esta esperança dos eleitores de Bolsonaro se desfez logo no início. Ao preparar a reforma da Previdência, em nenhum momento a equipe econômica aventou a hipótese de reduzir aposentadorias dos servidores beneficiados pelo teto, que é alto demais para a realidade brasileira.
E agora, na reforma administrativa, a frustração é absoluta. O ministro Paulo Guedes preparou o projeto sem tocar em nenhum privilégio dos múltiplos penduricalhos que elevam salários nos três Poderes, por considerá-los “direitos adquiridos”, uma regalia que a Constituição até proíbe. A ideia é impedir reajustes, penalizando o servidor de médio e baixo salário.
Bolsonaro não mexeu em nada, manteve a farra dos carros chapa-branca, com combustível liberado, as outras mordomias e até mesmo o cartão corporativo, cujos gastos são mantidos em sigilo.
3 – Conter os gastos do governo – Essa promessa o governo também vai ficar devendo. Paulo Guedes não conseguiu superávit no primeiro ano e confessou que também não ia conseguir no segundo ano, mas veio a pandemia, foi declarada calamidade pública, e não se fala mais no assunto. Esse quesito vai ficar para o próximo presidente, que está arriscado a ser o próprio Bolsonaro, caso não sofra impeachment, hipótese cada vez mais provável.
Os outros dois itens que fizeram Bolsonaro ser eleito também não serão cumpridos até 2022. Seu governo não vai colocar na cadeia os criminosos e corruptos, e os principais já foram até soltos pela Justiça, sem que em nenhum momento o presidente Bolsonaro tivesse manifestado ao Supremo sua contrariedade com a prisão somente após quarta instância, liberalidade que só existe no Brasil, um privilégio verdadeiramente medieval..
Quanto ao desemprego e à redução da desigualdade social, o governo também deixará para outra oportunidade. Com toda a empolgação do primeiro ano, o ministro Paulo Guedes só conseguiu fazer o PIB aumentar 1,1,%, enquanto Henrique Meirelles, que pegou a economia destroçada pelo PT, emplacou 1,3% nos dois anos do governo Milton Temer.
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