Há um vídeo de Bill Gates, disponível no YouTube, que merece ser visto, pelo seu carácter premonitório. Nele, numa palestra Ted, em Vancouver, o fundador da Microsoft recorda como cresceu a temer, acima de tudo, a possibilidade de uma guerra nuclear, mas como acabou, recentemente, por mudar de opinião.
“É mais provável morrerem dez milhões de pessoas nas próximas décadas devido a um vírus altamente contagioso do que devido a uma guerra nuclear. A maior ameaça atual já não são os mísseis, mas sim os micróbios”, diz, perante uma plateia em silêncio, a quem enumera, depois, os vários passos que deveriam ser dados para nos protegermos de uma epidemia dessa dimensão, com base na experiência tida no combate ao ébola, em África. “Não é preciso entrar em pânico, mas precisamos de começar a trabalhar, porque o tempo não está do nosso lado”, declara Bill Gates.
“Se começarmos agora, podemos estar preparados para a próxima epidemia”, remata no final da conferência, realizada em março de 2015. Ou seja: há cinco anos – cinco anos que, percebemos agora, foram perdidos na procura dos planos globais para combater uma epidemia.
O que não deixa de ser preocupante, em especial se pensarmos que, se o apelo daquele homem rico, respeitado e influente caiu depressa no esquecimento, o mesmo poderá suceder com os pedidos semelhantes, repetidos nos últimos tempos, por uma adolescente que alguns dizem ser irritante, para se tentar evitar as piores consequências do aquecimento global. Pelas mesmas razões: a de persistirmos em olhar para este tipo de ameaças como só sendo concretizáveis num futuro que achamos demasiado longínquo. Por, no fundo, nos recusarmos a olhar de frente para os perigos que aí vêm e que os cientistas já previram. Bill Gates e Greta Thunberg avisaram. Quem é que não os ouviu?
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