Em conversas reservadas com alguns dos seus auxiliares, ele já adiantou o que pretende dizer nesse caso.
Se perder para um candidato de esquerda ou apoiado por ela, não reconhecerá o resultado da eleição ... e, aí, seja o que Deus quiser.
O que Deus quiser, não. Melhor deixar Deus fora disso. Bolsonaro imagina que terá força para ficar onde está para além de 2022.
Manobra vagamente parecida foi tentada pelo ex-presidente Jânio Quadros, eleito com larga margem de vantagem no final de 1960.
Jânio viveu às turras com o Congresso e surpreendeu o país renunciando ao cargo apenas oito meses mais tarde.
Seus ministros militares tudo fizeram para demovê-lo da ideia. Jânio voltou a São Paulo levando escondida a faixa presidencial.
Estava certo de que o povo se rebelaria e que ele acabaria de volta ao cargo com poderes para impor suas vontades ao Congresso.
Nada disso aconteceu, mas a renúncia detonou uma grave crise institucional que por pouco não resultou num golpe militar.
O golpe se daria três anos depois com a queda de João Goulart, que sucedera Jânio, e a instalação de uma ditadura de 21 anos.
Bolsonaro admite que se for derrotado por um candidato do centro seu plano naufragará, por isso quer enfrentar a esquerda outra vez.
Seguirá atirando nela, mas empenhado em abater a pauladas qualquer nome do centro que possa lhe fazer sombra.
Tal plano está longe de ser sofisticado, é claro. Mas é o que está na cabeça do presidente mais tosco que este país já teve.
Ricardo Noblat
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