O governo pode até mandar fazer umas faixas tipo “Reformas Já”, “Reformas são a salvação” ou “Sem as reformas, vem o caos” e pagar alguns desocupados para exibi-las. Mas a verdade é que as manifestações são contra o Congresso e o Supremo. Todo mundo sabe disso, menos Mourão?
Com a declaração de Bolsonaro em Miami, dizendo que os atos do dia 15 de março podem perder força se o Congresso abrir mão do controle de R$ 15 bilhões do Orçamento, e que isso mostraria que “estamos, sim, afinados no interesse do povo brasileiro”, ficou mais do que claro que as manifestações convocadas pelo próprio Bolsonaro são contra o Congresso e o Supremo.
O objetivo é santificar o Planalto e demonizar os dois outros poderes da República, e isso já foi até alcançado. Pelo teor dos comentários nos sites de política e nas redes sociais, que são bombados por robôs, parte considerável da população já estaria convencida de que os dois poderes querem boicotar os programas do governo para recuperar a economia e reduzir a desigualdade social.
Acontece, porém, que esses programas “non eczistem”, são fruto da imaginação dos marqueteiros do Planalto. O único projeto apresentado até agora por Guedes foi a reforma da Previdência, que era uma boa porcaria e o Congresso até aperfeiçoou, não houve boicote.
Na quinta-feira pós-Carnaval o ministro Guedes enfim entregou a Bolsonaro a reforma administrativa. Mas o presidente e os ministros militares do Planalto acharam tão ruim que até hoje estão sentados em cima, sem coragem de enviar a proposta ao Congresso – esta é a realidade, que o vice-presidente Mourão conhece muito bem.
Mourão sabe que Bolsonaro é meio lesado e faz uma asneira atrás da outra. Sabe também que essa manifestação é uma farsa, pois até hoje não houve boicote ao governo no Congresso. Mas não pode passar recibo, como se dizia antigamente.
Quem saiu prejudicado no Congresso e no Supremo foi o Pacote Anticrime do ministro Sérgio Moro. Além de ter sido esvaziado pelos parlamentares, que aprovaram uma legislação às avessas, a favor do crime, denominada Lei do Abuso de Autoridade, destinada a imobilizar os juízes, delegados e procuradores da Lava Jato etc. Na época, Bolsonaro não disse uma palavra a respeito, fez olhar de paisagem, porque ele próprio e os filhos foram beneficiados.
Da mesma forma, o Supremo também esvaziou o Pacote Anticrime, ao mudar a jurisprudência sobre segunda instância, soltar Lula e Dirceu, e remeter para a Justiça Federal os crimes cometidos por parlamentares, que assim jamais serão condenados . E Bolsonaro, mais uma vez, não deu uma palavra e fez olhar de paisagem.
Mas agora o presidente aparece com essa manifestação, convoca pessoalmente os fanáticos que o idolatram, mas diz que nada tem com isso e que o protesto está sendo organizando pelo povo, uma sensacional Piada do Ano.
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