O grupão não intimidou o casal que encarou o processo formal de adoção de todas as crianças. Em 2014, a família de João Nogueira somava seis filhos – Eduarda, Eduardo, Ana Clara, Maria Luiza, Mariana e Yasmim.
A façanha de generosidade e amor só foi notícia agora, em 2020, quando uma “vaquinha virtual” permitiu a compra de uma Kombi capaz de acomodar a família inteira na sua lida diária.
João contou na rádio que a produção da “vaquinha” foi presente de sua amiga oculta, no Natal. Esperavam conseguir parte do dinheiro para a compra da Kombi sonhada. O restante seria complementado com doações da família. Mas a solidariedade surpreendeu e, além da compra, a “vaquinha” ainda deu para um trato geral no veículo, de 2010, batizado pelos filhos de Kombão do amor.
A família vive no DF. Entre a adoção e a compra do Kombão, João encarou dois anos de desemprego, separação e novo casamento. Nada desuniu a grande família.
Ou seja, podemos garantir ao colega Alexandre Garcia e ao Capitão Presidente que não é preciso importar japoneses para fazer o Brasil melhor. Há gente boa, corajosa e generosa no país. A maioria é assim. O que atrapalha, corrompe, desatina e desalenta são as cíclicas más gestões ou as gestões temerárias a que somos submetidos por temporários praticantes da beira do caos. Os tais que, prometendo muito, salvam uns poucos e abandonam milhares. Não há povo que sobreviva a isso, sem sequelas.
Houve esperança e orgulho de ser brasileiro em período recente, quando o Brasil ousou andar pra frente, quando os Governos, ainda que de diferentes partidos, não desfaziam os bens feitos dos seus antecessores. Ao contrário, ampliavam e consolidavam, particularmente, políticas inclusivas de atenção à maioria abandonada por gerações e gerações de governos gulosos, perversos e vendidos de baixo preço.
Exemplo mais visível, o Bolsa Família, que começou como Bolsa Escola, fez melhoria e crescimento chegar até às pequenas cidades. A economia mais solidária permitiu a muitos o consumo de comida e de bens antes reservados a minoria mais rica.
Foi manchete ontem, 10 de fevereiro: “O governo Jair Bolsonaro congelou o Bolsa Família em uma a cada três cidades dentre os 200 municípios mais pobres do Brasil”. Municípios mais pobres! De doer. E dói.
Volta a faltar dinheiro para o iogurte e a geladeira nova na casa da maioria mais pobre. Para milhares, os apertos na economia, fazem faltar dinheiro até para a comida básica. Para esses, o arroz e o feijão diário voltam a ser luxo eventual.
Porque noticiam descalabros, atropelos e descaminhos do atual governo, no fim de semana, jornalistas receberam gesto de banana do sempre deselegante Presidente Capitão ou vice-versa. Na semana passada, o ministro de economia, na mesma tecla de depreciação e afronta, definiu como “parasitas” os servidores públicos.
No modelo faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço, a perversa autoridade é antigo chupista dos sistemas de capitalização – que chama de “poupança garantida”, mas que só dá garantias reais aos guardiões da bufunfa capitalizada. Os de sempre. O povo chileno conhece de perto essa modalidade de abuso de desalmados governantes. No caso deles, Pinochet, com o ministro Chicago boy, nefando, na área – fazendo girar a roda do mal.
(Aos costumes, depois de grita geral, o comandante da economia desculpou-se pelo “mal-entendido”. Suas desculpas já foram banalizadas. A gente não tem cara de panaca. Até o Rei Momo sabe que elas não mudam o que ele pensa e sente e que escapa cada vez que se sente à vontade, entre os seus.).
Não há japonês que dê conta desses malignos. Faltam adjetivos para qualificar os Chicago Oldies da cena diária brasileira.
Sem esquecer:
Quem pagará por Mariana e Brumadinho?
Quem matou Marielle?
Como morreu Adriano, o miliciano que sabia demais?
Cadê o Queiroz?
Tânia Fusco
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