A preocupação de Bolsonaro com a moralidade, se não fosse recente, o teria poupado de protagonizar episódios que mancham sua biografia e envergonham o país. Obrigar o filho Carlos, com 17 anos, a ser candidato a vereador para impedir a mãe de se reeleger, foi imoral.
Depois disso, Carlos passou anos sem falar com o pai. Seus desvios de comportamento se devem em grande parte a isso. É o filho mais ligado a Bolsonaro e dependente de suas atenções. Vez por outra, contrariado, desliga o celular e o pai entra em pânico, sem conseguir despachar.
Bolsonaro se elegeu como candidato contra a corrupção e prometendo combatê-la com todo rigor. Afastou-se do combate tão logo estourou o caso da rachadinha da dupla Flávio e Queiroz. Foi Bolsonaro quem pôs Queiroz para cuidar do filho. A imoralidade, agora, bate à sua porta.
O Secretário da Comunicação da presidência da República foi intimado para se defender da acusação de que se valeu do cargo para beneficiar clientes de suas empresas. Contudo, tão logo voltou da Índia, Bolsonaro disse que ele não fez “nada demais”. Não foi nem um pouco imoral?
O presidente há de concordar que pode não ter sido ilegal, mas imoral foi acreditar com base em intrigas familiares que o general Santos Cruz, ministro do seu governo, o criticara no WhatsApp. Demitiu-o por isso. Restou provado que tudo não passou de uma armação contra o general.
Fakenews! Como fake foi Bolsonaro dizer que o nazismo teve sua origem na esquerda. Fakenews é uma coisa imoral. Porque não passa de uma mentira para enganar o maior número possível de pessoas. Bolsonaro sabe disso, mas não desiste de recorrer a elas para extrair benefícios.
Manter no cargo o atual ministro da Educação nem é ilegal, nem imoral. O presidente tem o direito de cercar-se de auxiliares desastrados. Mas é burrice. Faz mal à sua reputação. Como fez mal quando ele afirmou outro dia que “índio cada vez mais é um ser humano igual a nós”.
Quanto a recusar-se a enviar um avião às Filipinas para trazer uma família de brasileiros infectados pelo coronavírus, nem é ilegal, nem imoral, nem burrice. É, apenas, desumano.
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