O panfleto ultraconservador lido no lançamento da sigla, nesta quinta (21), não apresentou um projeto para o Brasil real. Sua visão sobre políticas públicas ficou reduzida a quatro pilares genéricos: respeito a Deus, resgate de tradições culturais, proteção da vida e defesa da ordem.
Os autores do texto viajaram a 1500 para anunciar que o partido seguirá os “valores fundantes do Evangelho”. Motivos: o primeiro ato oficial celebrado no Brasil foi uma missa e o primeiro nome atribuído ao território foi Terra de Santa Cruz (na verdade, foi Ilha de Vera Cruz).
A influência religiosa é mesmo significativa na cultura nacional, e seus valores integram a atuação política de milhões de brasileiros. A sigla do presidente, porém, explora um tradicionalismo rasteiro para justificar seus princípios, como se uma sociedade majoritariamente cristã devesse viver de acordo com seus dogmas e ignorar avanços civilizatórios.
Num país com alto desemprego e desigualdade crônica, a “restauração dos valores tradicionais do Brasil” é uma prioridade da nova legenda. O princípio pode parecer razoável, mas esconde uma visão de país preconceituosa e exclusivista.
O texto menciona o “reconhecimento a tudo de bom que herdamos de outras nações”. Cita apenas princípios lusitanos, hispânicos, do direito romano, da filosofia grega e da moral judaico-cristã. Nenhuma menção às culturas africana, indígena ou de milhões de imigrantes.
A agenda econômica ficou reduzida aos parágrafos finais, que apontam a defesa do livre mercado e da livre iniciativa, além de críticas a interferências estatais. Ficou claro, de vez, que a única razão de existir do partido é servir como máquina para mobilizar as bases bolsonaristas.
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