O Brasil é hoje governado por uma família sem freios ou limites no trato social e político. Os filhos de Bolsonaro são caixa de ressonância e de dissonância. Carlos posta no perfil do pai uma ridícula paródia sobre o “rei Bolsonaro leão” e as hienas. As hienas são juízes, políticos, jornalistas, todos os que fazem parte do jogo da democracia. O presidente pede desculpas, diz que não sabia, exime o filho. E fica por isso mesmo até o próximo espanto.
O deputado Eduardo Bolsonaro fez bem pior. Como atual líder do PSL na Câmara, ameaçou o Brasil com um novo golpe militar. “Não vamos deixar isso aí vir pra cá (os protestos de rua no Chile). Se vier pra cá, vai ter que se ver com a polícia e, se eles começarem a radicalizar do lado de lá, a gente vai ver a História se repetir. Aí é que eu quero ver como é que a banda vai tocar. Muito obrigado, senhor presidente”, afirmou Eduardo. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, nasceu no Chile, durante o exílio de seu pai, Cesar Maia, pela ditadura brasileira.
Na manhã desta quinta-feira, Eduardo insistiu. “Se a esquerda radicalizar, a resposta pode ser via um novo AI-5”. O Ato Institucional número 5 inaugurou o período mais sombrio de nossa ditadura. Legalizava repressão, tortura, censura, estado de sítio por tempo indeterminado, cassação de mandatos.
Flávio sumiu, todos sabemos. O Queiroz e as rachadinhas obrigaram o senador a submergir. Opera só nos bastidores, para que as investigações de desvio de dinheiro público não comprometam a bandeira de anticorrupção. Opera e se dá bem com ministros do STF, o mesmo Supremo que o irmão Eduardo disse que, para fechar, “basta um soldado e um cabo”. O mesmo Supremo que, no perfil do pai presidente, controlado por Carlos, não passa de uma hiena.
O capitão Jair Bolsonaro foi expulso do Exército. Admitiu atos de indisciplina e deslealdade com seus superiores, ao publicar artigo pedindo aumento salarial para a tropa e ao afirmar que ele e outro oficial tinham elaborado um plano para explodir bombas-relógio em unidades militares no Rio de Janeiro. Depois, disse que não passavam de “espoletas”. Bolsonaro foi preso por 5 dias por “ter ferido a ética, gerando clima de inquietação na organização militar” e “por ter sido indiscreto, comprometendo a disciplina”.
As más línguas disseram que Jair foi expulso por ser “maluco”. Injustiça, não? O descontrole não é exclusivo de Bolsonaro. O governador do Rio, Wilson Witzel, sobe camuflado em helicóptero militar e diz que agora é “atirar na cabecinha” de quem portar uma arma. Se o tiro matar uma criança, abre um inquérito. O prefeito Marcelo Crivella destrói com retroescavadeiras e marretas a praça do pedágio da Linha Amarela. Cancelas e guaritas foram para o espaço. Muita gente acha que Crivella surtou.
Se o Poder acha que pode agir como maluco e black bloc, como se precisasse de um calmante tarja preta ou de uma camisa-de-força, qual é a mensagem de violência verbal e física que está passando? O Coringa pode não ser apenas uma máscara no próximo Carnaval. Pode invadir as ruas com seu riso. Sinistro.
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