Logo, soa plausível a muita gente que criminosos dominados sejam mortos. Não lhes ocorre que são nessas situações que a civilização se distingue claramente da barbárie, o certo se contrapõe ao errado.
É compreensível a alguém que se depare com um crime atroz ter ganas mortais contra o agressor. Jamais o Estado, sob pena de se igualar aos facínoras. Ao puni-lo de acordo com a lei, demonstra a superioridade e a evolução da civilização através dos séculos. Não se defende —parafraseando o poeta Jair Bolsonaro— que a polícia enfrente o crimesoltando pombinhas brancas. É obviamente lícito que, como recurso capital, policiais matem agressores em combate ou que representem iminente ameaça à vida de quem quer que seja.
O problema é que parte dos trogloditas que fazem arminhas com as mãos quer é execução pura e simples. Bala na nuca. "Os caras vão morrer na rua igual barata, pô, e tem que ser assim", disse Bolsonaro ao defender, novamente, o vale tudo policial.
É de pensamentos assim que surgiram as milícias, os esquadrões da morte —grupos elogiados por Bolsonaro em sua carreira— e toda sorte de quadrilhas armadas e fardadas a serviço de nada mais nada menos que ela mesmo, a bandidagem.
Criminosos já morrem como baratas em ruas e presídios, em números crescentes, e alguém tem se sentido mais confiante para andar pelas ruas das metrópoles do país?
Ideias e ações que destoem da sua primária concepção de segurança pública devem acordar na cabeça presidencial o mesmo macaquinho tocador de pratos que habita o cérebro de Homer Simpson. Em momentos assim, a falta de gente como Clóvis Rossi fica mais evidente. "Desrespeito à vida é sempre injustificável, sob pena de se implantar a lei de talião e, de olho por olho em olho por olho, acabarmos todos cegos."
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