Quem acredita nessa balela vai se decepcionar muito daqui para a frente, porque a crise econômica está piorando. Quem governa não pode perder o foco. É preciso analisar friamente a situação, em busca de alternativas. Mas os atuais ocupantes do poder parecem viver em outro mundo, enquanto quem critica a gestão é chamado de esquerdopata ou derrotista, como se posicionou recentemente o general Augusto Heleno, que pode ser considerado uma espécie de superministro.
Curiosamente, o presidente do partido Novo, empresário e ex-banqueiro João Amoêdo, seria um desses esquerdopatas ou derrotistas, segundo a palestra que deu em Florianópolis neste sábado. Outro que pode ser enquadrado assim é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Os dois têm criticado a falta de um projeto de governo, assim como a polarização que o Planalto tenta forçar, para que se acredite que todo antipetista é defensor de Bolsonaro.
Rodrigo Maia, por exemplo, tenta executar seu próprio plano e anuncia ter contratado uma consultoria com o objetivo de reduzir os custos da Câmara dos Deputados.
“Nós precisamos reduzir as despesas públicas e não apenas a previdenciária”, explicou ao Estadão, ao defender uma reforma administrativa que possa melhorar a qualidade da gestão e voltar a ter carreira no serviço público, exatamente como a Tribuna da Internet tem cobrado, com insistência.
Na defesa de sua tese, Maia critica as distorções hoje existentes no serviço público. “As elites dos três poderes começam a carreira com salários lá no alto. Em cinco anos estão todos praticamente ganhando o teto, que é a remuneração dos ministros do Supremo”, acentua o presidente da Câmara, acrescentando: “A gente precisa ter a coragem de fazer as reformas, o salário dos servidores públicos hoje é 67% maior que o seu equivalente no setor privado, e ainda têm estabilidade”.
Maia tem razão, é claro. Mas é preciso compreender que nada disso terá solução a curto prazo. Não é possível reduzir salários sem ferir os direitos adquiridos pela nomenklatura. É um sonho impossível, que jamais se concretizará. A reforma vai atingir apenas os servidores ainda a serem contratados, em meio à bagunça atual, em que os três Poderes, incluindo as estatais, estão inflados de servidores terceirizados, fenômeno que contamina estados e municípios.
O maior problema brasileiro é a dívida pública, mas ninguém se importa com isso. Pouco estão ligando para a crise, enquanto o pais caminha para uma situação igual à da Grécia, que se deixou sufocar pela dívida. A economia grega caiu ao mesmo patamar de 2003, não dá sinais de recuperação.
Nos últimos dois anos, o PIB da Grécia teve crescimento que seria comemorado no Brasil, com 1,7% em 2017 e 1,3% em 2018, mas os salários, corroídos pelas medidas de austeridade, seguem baixos e há muita informalidade. O desemprego entre os jovens beira os 50%. A Grécia foi às urnas neste domingo. Os eleitores sabem que não há esperança. Direita e esquerda se revezam no poder, sem achar a saída, porque o país se tornou refém da dívida.
Na mesma situação, o Equador fez o contrário, convocou especialistas internacionais, inclusive a brasileira Maria Lúcia Fattorelli, auditou a dívida, reduziu-a em 70%, nenhum banco quebrou, ninguém reclamou, vida que segue, como dizia o João Saldanha.
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