É evidente que manter uma Belíndia em caráter permanente tem contraindicações, embora possa ser altamente benéfico para as elites empresariais belgas, que enriquecem à custa dos baixos salários pagos aos trabalhadores indianos, e também para a nomenklatura estatal belga, que é generosamente sustentada com altas remunerações e mordomias bancadas pelos contribuintes de dupla nacionalidade, que em sua esmagadora maioria são muito mais indianos do que belgas.
É nessa esculhambação social que vivemos. Quem tem dinheiro, vai “morar lá fora”, como já ameaçou fazer justamente o ministro que deveria melhorar as condições de vida aqui dentro. Aliás, não está no gibi o número de falsos belgas hoje vivendo no exterior, mas sustentados com dinheiro ganho aqui, graças ao trabalho dos falsos indianos. Na verdade, esses elitistas nem são mais brasileiros. Julgam-se cidadãos do mundo, nem reparam o papel ridículo que fazem.
Quem realmente gosta do Brasil tem de encarar essa realidade, cuja primeira contraindicação é a insegurança. Evidentemente, não é possível tentar conviver a miséria absoluta e a riqueza total. Não há possibilidade de coexistência pacífica, abre-se uma guerra civil não-declarada.
Sem haver Polícia nem cadeia para tantos criminosos de colarinho branco ou pé de chinelo, quem acaba encarcerado é o pessoal da classe média, a grande vítima que mora atrás de muros e grades, enquanto as elites e a nomenclatura circulam alegremente, porque têm carros blindados e seguranças privados ou estatais.
Acreditava-se que Bolsonaro tivesse sido eleito para resolver isso e unificar o país. Cinco meses depois, percebe-se que foi um engano. Ele não tem noção de suas obrigações presidenciais, e o militares que o cercam não demonstram coragem para chamá-lo à razão, simplesmente se adaptaram à situação.
Ainda há quem acredite em Bolsonaro, mas é ilusão. Ele vive rindo, como se interpretasse o personagem “Cândido”, com o ministro Guedes perfeito no papel do “professor Pangloss”, dizendo que os dois estão no melhor dos mundos, que o genial Voltaire adorava ridicularizar.
Não existe um projeto Brasil – aliás, jamais houve, desde o regime militar. Quando Carlos Lessa assumiu o BNDES no governo Lula, pediu o programa econômico do PT, e não existia. Junto com seu vice Darc Costa, o criativo Lessa criou um projeto e um dos destaques era a indústria naval. A economia reagiu. Ao deixar o governo, Lessa avisou a Lula que seria “um voo de galinha”. Mas Lula era como Bolsonaro e nada entendia de economia.
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