Primeiro, Weintraub mandou passar na lâmica 30% das verbas de três instituições: Universidade de Brasília, Universidade Federal da Bahia e Universidade Federal Fluminense. Por quê? Não gostou de manifestações supostamente realizadas nas escolas.
O ministro declarou ao Estadão: "Universidades que, em vez de procurar melhorar o desempenho acadêmico, estiverem fazendo balbúrdia terão verbas reduzidas."Hã?!? "A universidade deve estar com sobra de dinheiro para fazer bagunça e evento ridículo". Que bagunça? "Sem-terra dentro do campus, gente pelada dentro do campus". Hummmm.
Ouviram-se muitos protestos. Em reação, Weintraub mandou estender o corte de 30% a todas as universidades. Encarregado de explicar o esquartejamento orçamentário, o secretário de Educação do MEC trocou o critério da "bagunça" ideológica pela alegação de penúria fiscal: "São 30% de forma isonômica para todas as universidades no segundo semestre, que pode ser reavaliado dado um cenário econômico positivo que a gente está esperando."
Na noite de terça-feira, Weintraub deu demonstrações de que tomou gosto pela polêmica. Levou ao ar nas redes sociais um vídeo no qual anuncia a intenção de retirar verbas do ensino superior para aplicar no ensino fundamental. Sem explicar de onde tirou as cifras, disse que o custo de um aluno de graduação (R$ 30 mil por ano) é muito superior ao de uma vaga numa creche (R$ 3 mil anuais).
Além de não especificar a origem dos números que manuseou. Weintraub não se deu conta de que comparou abacaxi com abóbora. O custo do universitário inclui coisas que um aluno de creche dispensa —de hospitais universitários a laboratórios e professores no topo da carreira.
Triunfante, Weintraub jactou-se de sua futura realização: "Para cada aluno de graduação que eu coloco na faculdade, eu poderia trazer dez crianças para uma creche. Crianças que geralmente são mais humildes, mais pobres, mais carentes, e que, hoje, não têm creches para elas. O que você faria no meu lugar?".
Quando um sujeito se considera um gênio, há três possibilidades: trata-se de um ignorante, de uma enganação ou de um gênio mesmo. Bolsonaro parece convencido de que acomodou um gênio na pasta da Educação, pois reproduziu o vídeo do ministro nas suas próprias redes sociais. Mas a pergunta de Weintraub continua no ar: "O que você faria no meu lugar?" A imaginação é o limite.
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