segunda-feira, 11 de março de 2019

Vélez comprova que há males que vêm para pior

A grande pose do ministro Ricardo Vélez Rodrígues, não é para o presidente da República, os reitores das universidades, os diretores das escolas, a sociedade brasileira ou o Juízo Final. Nada disso. Vélez põe seu melhor terno, sua melhor gravata e suas melhores virtudes para o julgamento do polemista Olavo de Carvalho. Já se sabia que Olavo, guru da família Bolsonaro, havia patrocinado a indicação de Vélez. Descobre-se agora que nomeou não um ministro, mas um fantoche.

Na última sexta-feira, Olavo de Carvalho pediu numa postagem no Twitter que seus ex-alunos abandonassem o governo Bolsonaro. A exortação chamou a atenção do país para uma guerra que consume as energias do Ministério da Educação. De um lado, a ala militar da pasta. Do outro, a milícia ideológica olavista. Com tantos inimigos à sua disposição, o MEC passou os dois primeiros meses da gestão Bolsonaro brigando consigo mesmo.


Repetindo: o MEC poderia ter enfrentado o flagelo dos 2,8 milhões de brasileiros de 4 a 17 anos que ainda estão fora da escola. Poderia ter guerreado contra a chaga que faz com que apenas 9% dos estudantes terminem o ensino médio com um aprendizado adequado em matemática. Poderia ter encarado o pesadelo que empurra três em cada dez brasileiros para o analfabetismo funcional. Entretanto, os membros do staff de Vélez preferiram brigar entre si.

Neste domingo, Jair Bolsonaro convocou o ministro ao Palácio da Alvorada. Ordenou que leve à bandeja o "escalpo" do seu auxiliar mais chegado: o coronel-aviador Ricardo Wagner Roquetti, diretor de programas da Secretaria-Executiva do ministério. A demissão tem um único propósito: pacificar a alma de Olavo de Carvalho. Nos próximos dias, o Diário Oficial revelará quem tombou e quem ficou de pé na guerra interna do MEC.

Esse desastre era pedra cantada. No processo de escolha do ministro da Educação, em dezembro, Bolsonaro esteve na bica de tomar uma decisão que elevaria sua estatura. Preferiu rebaixar o teto de sua Presidência. Cogitou a sério a hipótese de nomear um craque: o educador Mozart Ramos. Vetado pela bancada da Bíblia, Mozart foi trocado por Vélez.

Desde então, o brasileiro observa o refinamento, o cuidado, o extremo acabamento e o altíssimo custo com que se exerce a incompetência no Ministério da Educação. A troca de Mozart Ramos por Vélez Rodrígues revelou que, sob Bolsonaro, há males que vêm para pior.

Nenhum comentário:

Postar um comentário