terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Gabinete hospitalar de Bolsonaro faz mal à saúde

No dia 28 de janeiro, uma segunda-feira, Jair Bolsonaro arrostou uma terceira cirurgia, no hospital Albert Eisntein, dessa vez para retirar a bolsa de colostomia. Foram sete horas na mesa de operação. O operado mal fora recolhido à UTI e seu porta-voz, Otávio do Rêgo Barros, já anunciava:"O presidente vai passar 48 horas em descanso total. Então, na quarta-feira, em torno de 9h, 10h, ele retoma legalmente a função de presidente da nossa República".



Dito e feito. Menos de 48 horas depois da cirurgia, Bolsonaro deu alta ao general Hamilton Mourão, seu substituto constitucional. E "reassumiu" o posto. As palavras do porta-voz sinalizavam que a presidência hospitalar seria uma experiência sui generis: "O presidente está preservado de falar porque, ao falar, há possibilidade de que gases ..., de que ar entre na sua cavidade abdominal e isso vai provocar dores e vai dificultar a cicatrização, particularmente no que toca à cicatriz externa"

No sábado, Bolsonaro sofreu uma parada intestinal. No domingo, teve febre. Exames de imagem revelaram"um acúmulo de líquido ao lado do intestino, na região da antiga bolsa de colostomia". Em consequência, "foi submetido a punção para retirar esse líquido e permanece com dreno no local". Foi para a unidade de "cuidados semi-intensivos". E recebe dosagens regulares de antibióticos, para evitar uma infecção. São injetados junto com o soro.

A recuperação do presidente da República deveria ser levada mais a sério. Ninguém disse ainda, talvez por respeito ao drama do paciente, mas a Presidência cenográfica encenada no Albert Einstein faz mal à saúde de Bolsonaro. A primeira-dama Michelle deveria ordenar a imediata desmontagem do gabinete improvisado no hospital.

Primeiro Michelle despacharia para Brasília a parafernália eletrônica. Bolsonaro utilizou uma mísera vez o telão de vídeo. Conversou com o ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional. O resultado prático da conversa foi uma bronca dos médicos, incomodados com o descumprimento da orientação para que o paciente se mantivesse de boca fechada.

Depois de lacrar o gabinete, Michelle decretaria a dedicação "full time" do marido às atividades pós-operatórias. Pelo tempo que for necessário. A interinidade de Hamilton Mourão não fará nenhum mal irreversível à República. E o repouso fará bem ao capitão.

Na sequência, a primeira-dama devolveria ao Planalto o porta-voz Rêgo Barros. No momento, não interessa a ninguém o lero-lero bem-intencionado sobre a agenda virtual, com despachos ministeriais e reuniões de trabalho que não acontecem.

O que todos desejam e merecem ouvir é a voz dos boletins do hospital. Neles, os médicos falam sobre as condições clínicas do paciente, sem viés embromatológico.

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