E vai piorar. A próxima voz de aeromoça que se ouvir no nosso avião metafórico pode estar pedindo mais do que um médico para tratar um doente ou, vá lá, um palhaço ou uma odalisca para distraí-lo. O que, decididamente, ninguém quer ouvir a aeromoça dizer é:
— Tem alguém que saiba pilotar um avião a bordo?
Porque a sensação que se tem é a de estar num avião cujo piloto se jogou pela janela. Né, não?
Consolemo-nos, Antonio, enquanto o pior não vem. Você conhece a história da mãe judia que, no meio de um espetáculo teatral, levanta-se e grita:
— Há um médico na plateia?
O espetáculo é interrompido, três ou quatro médicos solícitos atendem ao chamado da senhora e perguntam o que ela quer. A senhora responde:
— Quero apresentar a nossa Sarinha, 19 anos, um mimo. E também cozinha...
E tem aquela do... Mas não adianta. Não dá para fingir que não vemos as nuvens negras no horizonte. Algumas dicas para sobreviver no temporal que se aproxima: em hipótese alguma assista aos debates políticos, para não se desencantar, não com os candidatos, mas com a espécie humana em geral. Beba muita água. Tenha pensamentos positivos ou, na falta deles, pense na Patricia Pillar. Se os sintomas persistirem, emigre.
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