Desde que demos o pontapé inicial na Copa, tudo parece ter mudado. Va lá que em 2014 a gente já sabia que não ia ter trem bala. Ou que os estádios estivessem inacabados e destinados a inutilidade. Pelo menos havia a esperança (sem fundamento, mas esperança é assim mesmo) de que pelo menos o titulo de país do futebol ficasse intacto.
Mas isso dava trabalho. Precisava de organização, treino, força de vontade, e de todas essas coisas que a gente não estava disposto a fazer. Preferimos viver a ilusão de que fraude pode servir como fundação para o sucesso. Acreditamos em nossa própria mentira. E deu no que deu. No final de julho de 2014, a gente já não mais era país do futebol. Viramos uma espécie de quase nação que perdeu o pouco de identidade que ainda se esforçava em reter.
Tudo talvez pudesse ser compensado se, em um surto de bom senso, tivéssemos aproveitado a humilhação para dedicar o tempo ao necessário escrutínio de candidatos na eleição depois da Copa. Teria sido energia bem gasta.
A gente bem que podia ter enxergado a mentira de longe. Mesmo de olhos fechados, dava para sentir o cheiro. Era perfeitamente possível. Mas sabe como é. Não gostamos de responsabilidade. Reclamos, claro, dos resultados. Sempre. Mas sempre na terceira pessoa. Como se a responsabilidade pelos eleitos não fosse do eleitor.
E nessa mistura de desinteresse e autoengano, sofremos por quatro anos. E garantimos sofrimento por muitos mais. 2014 foi o ano em que resolvemos abraçar o engodo. Sabe-se lá o que esperávamos ou porque o fizemos. Faz tempo que isso perdeu a importância.
Lá se foram 4 anos. Sofridos, diga-se. E lá vem a Copa. Quem sabe desta vez a gente não passe vexame. Mas, se o vexame futebolístico for inevitável, pelo menos dá para escolher melhor nas eleições. E não precisar lamentar quando 2022 chegar.
Elton Simões
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