St. John’s é local improvável para reflexão. Nunca imaginei visitar. Newfoundland não fazia parte da minha lista de cidades a serem visitadas. Mas o destino me reservou o prazer de conhece-la durante a conferência nacional resolução de conflitos no Canada. E de ser um improvável coordenador discussões sobre a relação como resolver conflitos de maneira eficiente, barata e acessível na América do Norte.
Em todo lugar do mundo, já não há mais dúvidas de que o sistema judiciário não mais atende as nossas necessidades. Mesmo nos países desenvolvidos. Em outras palavras, existe reconhecimento crescente de que o acesso à justiça é difícil e caro. E, portanto, a justiça tarda e falha.
O problema, claro, é mais ou menos sério dependendo do país e da solidez institucional de cada um. Mas é sempre real. Concreto. E merece atenção.
Parte do problema parece ser que acesso à justiça parece ter virado sinônimo de burocracias kafkianas sem que o comum dos mortais consiga entender as regras, os processos e muito menos as decisões resultantes deles. Hoje em dia, o que acontece entre as paredes da justiça está divorciado da realidade fora delas, onde vivem os cidadãos que deveriam ser por ela servidos.
É completa a inversão de valores. Ninguém mais pode dizer que entende o que vai se passas uma vez acionada a justiça. Por isso, todos pedem, clamam, gritam mesmo, por maneiras alterativas de resolução de conflitos.
A razão é simples. Existe o sentimento generalizado e global de que cidadãos devem retomar o controle do processo e dos resultados resolução de suas disputas, conflitos ou controvérsias. O Estado não mais tem condições de intermediar estas soluções com resultados satisfatórios.
O mundo parece ter chegado a uma era onde aprendemos a discutir, e não a dialogar. Não se vê nas palavras alheias a representação de ideias potencialmente validas. Apenas ouve-se os aquilo que possa servir de validação a opiniões já previamente constituídas. Não sabemos mais dialogar. E, nesta era e época, a humanidade, para evoluir, precisa reaprender a praticar estes estilos.
Aprender a ouvir parece ser o maior desafio cultural dos nossos dias. Embriagados pela intolerância e com a visão encoberta pelas próprias ideias, perdemos a audição. Quase completamente. Abraçamos a intolerância tornamo-nos incapazes de resolver nossas próprias questões.
Depositamos a solução de nossas disputas nas costas do sistema judiciário. Entupimos as cortes. E criamos um sistema ruim para todos. E uma justiça que tarda e falha. Por culpa nossa também. Somos sócios deste fracasso.
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