Faz tempo que os fatos deixaram de importar. A ligação entre realidade e percepção parece estar cada vez mais tênue. Tudo tem se resumido a opiniões. Vivemos divididos pelo excesso de certezas. Talvez seja este o nosso maior problema contemporâneo.
O espectro de opiniões aceitáveis está ficando cada vez mais limitado. Toda conversa parece ser resumida a sequência de posições binárias. Preto ou branco. Certo ou errado. Tudo diametralmente oposto.
Polarizações cegas e surdas dificilmente geram líderes e decisões equilibradas. A melhor solução é a salvação sem salvadores. Instituições que foquem em como se governa independente de quem governa. A direita ou a esquerda. Não importa.
Na medida em que as condições para construção de consensos vão desaparecendo, o pior cenário vai se consolidando. Tudo fica imobilizado, degradado, deteriorando a céu aberto. Estagnação política, econômica, e decisória corroem qualquer possibilidade de melhora. É a receita perfeita para o desastre. E, mesmo assim, seguimos cozinhando.
O resultado final na ausência de intermediação política eficiente é o populismo. É ele que se apresenta como solução a resolução de tantos impasses. E tende a continuar assim se não recuperarmos a capacidade de dialogar.
Populismo é o perigo imediato, real e concreto que ameaça a todos, independentemente da posição no espectro político. Protetores do povo, discursos belicosos, e altas doses de marketing nada resolvem. Mesmo assim seguimos em marcha batida em direção a insensatez.
Populismo é abraço de afogado. Pode matar. Não favorece nem a direita nem a esquerda. Leva todos em direção ao fundo do poço. Mesmo que seja poço sem fundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário