Dessa vez, Lula terá ao seu dispor mais de 100 milhões do fundo partidário (em 2016 foram 98 milhões, segundo o TSE) para começar a sua campanha presidencial, já que, se não for condenado, não contará mais com a boa vontade dos empresários amigos e dos diretores das empresas estatais que roubavam dos cofres públicos para patrocinar as campanhas do PT.
A Gleisi é ré na Lava Jato e o seu destino é incerto daqui para frente se realmente se deixar levar pela conversa de camelô do seu chefe, a exemplo do que ocorreu com os ex-tesoureiros do PT e o José Genoino, ex-presidente, que cumpriu pena por desvio de recursos do partido.
Para disfarçar o autoritarismo e dar um ar democrático a eleição, Lula indicou para disputar a presidência do partido dois aliados: Gleisi e Lindbergh. Um tal de José de Oliveira se vestiu de laranja, mas não teve um voto sequer. Qualquer um dos dois que ganhasse ele estaria bem servido. Mas a Gleisi, na verdade, tinha sua preferência. A exemplo do que aconteceu com a desqualificada Dilma, que levou o país ao caos econômico e ético, Lula agora tem outra mulher para fazer o papel de fantoche. O pretexto é o mesmo: abrir espaço político para as mulheres como se as verdadeiras mulheres necessitassem de um empurrãozinho para sobreviver na política ou em qualquer outra atividade.
Agora vigiado pelos investigadores da Lava Jato, Lula não pode movimentar nem a conta que a JBS mantém à sua disposição e da Dilma no exterior. Precisava, portanto, de uma fonte de renda para usar com gastos pessoais e da campanha dele e de seus comparsas petistas, já que a redução no número de prefeituras em 2016 reduziu o dízimo dos cargos comissionados. Assim, ele escalou a senadora Gleisi que, além de militante, é fanática da seita lulista, com quem ele pode contar incondicionalmente para manipular o dinheiro do fundo partidário.
Praticamente não houve disputa. Escaldados, petistas de outras tendências preferiram não apresentar candidatos. Não quiseram participar do joguete de Lula e acabar na cadeia ou condenados como foram Zé Dirceu, João Vaccari Neto, Genoíno, Delúbio Soares e tantos outros que abriram os cofres para Luiz Inácio da Silva. Pela primeira vez dentro do PT não houve disputa acirrada dos núcleos para chegar à presidência do partido. Ninguém quer ir para a cadeia para satisfazer a ganância e a ambição desenfreada do chefe Lula.
A estratégia de Lula – previsível, mais uma vez – era ter um candidato que não morasse em São Paulo. E isso aconteceu. Gleisi é do Paraná e mora em Brasília com o marido Paulo Bernardo, ex-ministro do Planejamento e da Comunicação que já amargou uns dias de cadeia por corrupção. Assim, a presidência do partido será representada por uma pessoa de confiança de Lula que assumirá toda parte administrativa do partido. Gleisi, coitada!, só vai assinar papel como aconteceu com Dilma impedida de governar pelas mãos ferro de seu protetor.
Depois de homenagear no congresso os presidiários Zé Dirceu e João Vaccari Neto, o fundamentalista Rui Falcão deixou a presidência do partido e o abacaxi nas mãos de Gleisi. A senadora inicia o mandato tendo que responder a processo da Lava Jato. Ela também é líder do PT no Senado e ré juntamente com o marido Paulo Bernardo. O ano passado, o STF aceitou denúncia da PGR que acusava os dois de terem recebido ilegalmente 1 milhão de reais para sua campanha ao Senado em 2010. Eles respondem por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Não se pode aqui achar que Gleisi Hoffmann é ingênua politicamente. Senadora ativa, bem articulada, ex-ministra da Casa Civil de Dilma, várias vezes candidata derrotada em seu estado, ela se vê de uma hora para outra guindada por Lula aos principais cargos importantes do PT. Mas acontece que cego quando vê muita esmola desconfia.
Será que a senadora não desconfia de nada? Será que a cúpula petista tão afoita em disputa iria abrir mão da presidência de um partido que administra mais de 100 milhões reais se alguma trama não tivesse por trás de tudo isso? Senadora, cuidado para não antecipar o seu recolhimento ao presídio da Papuda só para atender a fúria incontrolável de poder do seu chefe.
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