A profusão de escândalos e bandalheiras de que se tem conhecimento é estarrecedora e já anestesiou completamente a sensibilidade do brasileiro. Nunca neste país se furtou tanto, desviou-se tanto, apropriou-se tanto do Orçamento público como nestes tempos. Em denúncias anteriores, as empreiteiras de obras públicas comandaram a festa. Agora foi a vez dos frigoríficos da família Batista e companhia, reconhecidos sem favor algum como os homens mais ricos do Brasil e, com destaque, os maiores caras de pau de que já se teve notícia nas cercanias do poder político e econômico.
Um grupo empresarial tornado poderoso graças, especialmente, a sua capacidade de aliciar políticos e técnicos de governos passeou de forma olímpica pelos bancos estatais, BNDES, Caixa e Banco do Brasil, fabricou sob medida e aprovou no Congresso leis que tornaram mais lucrativos e prósperos seus negócios, subornou, comprou opiniões e consciências (?), concedeu empréstimos para pagar advogados de políticos que não lograram “fazer dinheiro em sua vida pública”, manejando cifras absurdas e nunca vistas.
No curso de suas manobras, negociaram com o Ministério Público Federal uma robusta delação, surpreendentemente aprovada em tempo recorde pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), para assim não serem mais incomodados em seu descanso. Fecharam a questão e foram para Nova York, de onde já saíram, sem deixar endereço, curtindo alegremente o achincalhe, o deboche imposto nossas instituições.
Deixaram assanhados nas ruas de domingo os movimentos “Fora, Temer” como se tivéssemos uma nesga de solução, uma perspectiva séria e exequível, um nome mais ou menos aceitável para assumir o comando de um país que todos os dias surpreende-se com o joguete que viramos nas mãos de aproveitadores, de bandalhos, de políticos sem compromisso e sem a dimensão de seus atos. Não temos opções, em quem confiar. Que fracasso! Valei-nos, Mário Lago.
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