Tal afirmativa tem, entretanto, pontuado análises de deploráveis momentos de nossa história pelo seu cunho de verdade; vou, então, usá-la aqui, porque os escândalos de corrupção vicejam em todas as esferas do Estado. A lista apresentada pelo ministro Luiz Edson Fachin, no dia 11 de abril, mostrou, por exemplo, como as principais autoridades recorrem a expedientes ilícitos para conquistar postos-chave na administração pública e desviar preciosos recursos da comunidade em proveito próprio. O Brasil não é, portanto, um país sério, porque permite que tantas figuras proeminentes construam uma grande rede de saqueadores da pátria, sem que medidas efetivas sejam tomadas para coibir essas práticas e recuperar a riqueza nacional.
O Brasil não é um país sério porque está permitindo que os parlamentares criem filigranas na legislação para se blindarem e permanecerem nos cargos, apesar de seus extensos prontuários na Justiça. Além disso, o presidente vai manter investigados no primeiro escalão, o que lhes garante ótimas oportunidades para bloquear os agentes policiais, intimidar testemunhas e destruir provas. Contando com a tutela do Palácio do Planalto, será, então, difícil apurar todos os fatos e definir as penalidades para esses poderosos. Além disso, podem surgir fissuras entre os Três Poderes, com riscos de ruptura institucional, em que os integrantes das teias do crime irão preservar a malversação da riqueza nacional e os desmandos no planejamento dos serviços públicos.
O Brasil não é um país sério porque custeia viagens ao exterior da ex-presidente da República para expor crises internas a partir de seu viés, ignorando o figurino de estadistas discretos e equilibrados. Ela fomenta, enquanto isso, o interesse dos países desenvolvidos pelas excentricidades dos nativos do Terceiro Mundo que continuam arredios aos preceitos da modernidade.
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