terça-feira, 21 de março de 2017

Fraco é o caráter

Foi um fim de semana, e começa outra, com o Brasil malhando a carne ... do boi e do frango. Típico procedimento canalha de culpar os outros pela desfaçatez própria. No caso, incrivelmente, baixando o cacete nos animais que nem foram citados no processo a não ser como cortes de mortos. São cadáveres de que nos alimentamos em diversas formas. Mas há que cuidar do estado cadavérico. E disso não cuidam, nem cuidaram e certamente não cuidarão.  

A impropriedade para consumo humano não está na carne que se produz. Se concentra em alta dosagem de canalhice de quem ganha do povo para fiscalizar o que lhe é servido ou de funcionários espertalhões. Em ambos, tudo gente de alto escalão.

Pawel Kuczynski
A carne pode ser "fraca", mas a corrupção que se esconde nela é fortíssima. A operação da PF mostra didaticamente o estrago da propina alimentícia na economia e principalmente para o povo. Bem mais do que no Petrolão, desta vez devemos ter aprendido o rombo que produz a rapinagem público-privada, porque a resposta foi praticamente imediata no exterior. 

Imprensa e autoridades, num bate cabeça, defendem a ação policial e condenam a "espetaculização" e falhas de divulgação da Polícia Federal, que estariam provocando um dominó na exportação de carne brasileira. Houve sugestão até de que fosse consultado, antes da divulgação, o Ministério da Agricultura, exatamente onde se encontrava o chefão desta gangue e outros elementos, pois até o momento não se descobriram outras.

A operação policial, acima de toda a malhação, só fez abrir o furúnculo e expor a podridão: as organizações corruptas estão mesmo até em nossa comida.

Agora resta aos governos tomarem as providências que nunca tomaram. É ser demais inocente acreditar que setores de direção dos frigoríficos possam conspurcar a carne nossa de cada dia sem aval superior com propina rolando para agentes públicos. A "Carne Fraca" só veio nos revelar que há mais podridão do que temos digerido nos últimos anos em nome de campões nacionais do que vimos até agora.
Luiz Gadelha

Nenhum comentário:

Postar um comentário