Retiremos da equação o aspecto humano, e fiquemos apenas com o material. Será quando constataremos, abismados, que estas mortes custam ao continente europeu, a cada ano, nada menos que 115 bilhões de Euros.
Decidi pesquisar mais sobre o tema. Descobri que, apenas em 2013, a poluição do ar - e só ela - tirou a vida de 5,5 milhões de pessoas. Vamos aos custos econômicos desta mortandade: 1% do PIB planetário, consideradas as perdas em produtividade, gastos com tratamentos etc.
Mas voltemos ao aspecto humano. Segundo constatado pelo UNICEF, os "poluentes não se limitam a causar danos aos pulmões em desenvolvimento das crianças - eles podem se infiltrar no sistema vascular cerebral, causando danos permanentes ao cérebro".
Diante destes dados, fiquei a recordar uma pesquisa divulgada, nos idos de 2008, pelo IBGE, segundo a qual Vitória apresenta uma quantidade de enxofre no ar superior à de São Paulo - nesta, oito microgramas por metro cúbico de ar, contra dez daquela.
Passados uns oito anos, li na imprensa que "o médico Luiz Werber Bandeira, chefe da área de Imunologia Clínica e Experimental da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, é definitivo ao afirmar que nenhum dos moradores da Grande Vitória ficará livre de doenças produzidas pela poluição do ar".
Destas moléstias, esclarece, "80% são cardiovasculares; o restante se divide entre doenças pulmonares crônicas, infecções respiratórias agudas e câncer de pulmão".
Pois é. A esta altura, algum desavisado poderia imaginar que o título deste texto é relativo ao odor característico do enxofre. Nada mais falso. Seja ele, antes, um alerta aos tantos que, por ação ou omissão, vitimam impunemente toda uma população indefesa há décadas, esquecendo-se de que as coisas da vida passam, e passam muito depressa...
Pedro Valls Feu Rosa
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