A Câmara vai continuar ouvindo a sociedadeRodrigo Maia, presidente da Câmara
O Brasil acordou de luto na terça-feira pela tragédia da Chapecoense, na Colômbia, junto com um time de jornalistas. Mas não foi o desastre que cobriu de negro o país e empreteceu o verde da esperança.
A histórica terça-feira do Terror se abateu em Brasília - na Esplanada dos Ministérios e mais precisamente na Câmara. As quadrilhas de vândalos orquestrados, com caras cobertas, depredaram prédios públicos e carros. No plenário, enquanto o povo dormia para descansar do trabalho, deputados devidamente orquestrados, em sua própria defesa e de seus crimes, apedrejaram o pacote contra a corrupção, apoiado por mais de 2 milhões de assinaturas e avalizado pelo Ministério Público.
Os democratas de 2016 retaliaram um projeto de apoio popular com o mesmo fervor que Jarbas Passarinho, então ministro do Trabalho, em 1968, aplaudiu o AI-5: "Às favas, senhor presidente, neste momento, todos os escrúpulos de consciência”. A falta de escrúpulos de coturno e uniforme se repetiu de gravata, paletó e colarinho branco.
Os deputados fecharam a Câmara de vez ao povo. Lá mandam eles, e ninguém mais. A vitória da canalha foi mais uma derrota do país, hoje entregue à sanha da quadrilha mais perigosa que os ideais nacionalistas de 1964. Se diminuíram de deputados a milicianos para fazer justiça com as próprias mãos em favor próprio.
Cuspiram no rosto de cada brasileiro e decretaram estar acima da Justiça e que em seu nome ordenarão o que acharem justo para seus companheiros, amigos e comparsas. São seus integrantes os novos donos do país.
A legitimação do enriquecimento ilícito dos funcionários públicos ratifica a imunidade ao roubo e à pilhagem. A punição aos juízes, procuradores e Ministério Público é uma medida mais aterradora, impensável mesmo na ditadura. A independência da Justiça fica cerceada pelo Legislativo e em seu nome passa a ser exercida. A democracia, segundo a Câmara, é apenas uma fachada para o totalitarismo congressista. Mais claro do que isso só o grito da marginalidade: "Perdeu, mano!"
Resta saber se o Brasil vai ficar de quatro diante do banditismo político quando nem mesmo em 21 anos deixou de lutar para sair de baixo dos coturnos.
Luiz Gadelha
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