Temer corre contra o tempo em busca do capital estiolado tão rapidamente.
Quando assumiu o mandato, pintava ser o fator de estabilidade do país, contava com a torcida da multidão que vestiu o verde-amarelo e com a simpatia do mundo empresarial. Inegavelmente, sua equipe econômica transmitiu confiança e credibilidade ao mercado e aos investidores.
Hoje o governo já respira por meio de aparelhos e procura operar em duas frentes. De um lado, toma medidas no campo político para dar mais densidade ao seu time, com a atração do PSDB para o núcleo duro do Palácio do Planalto e, de outro, articula um minipacote de bondades econômicas.
A questão é saber o quanto essas duas medidas serão capazes de reverter expectativas negativas de um quadro onde a crise política afeta a economia e a recessão econômica gera desconfianças, incide sobre o humor da sociedade e agrava, portanto, a crise política. Eis aí o nó górdio de Temer.
A micropolítica, embora necessária, é insuficiente para debelar a crise. Medidas pontuais, como entregar uma Secretaria de Governo turbinada ao PSDB podem ajudar a arejar o ambiente. Mas também pode turvá-lo. A dúvida hamletiana, se nomeia um tucano agora ou se deixa para quando o carnaval chegar, é mais lenha na fogueira da instabilidade.
A dificuldade é que o presidente e seus assessores são craques no jogo jogado no Congresso, mas são principiantes quando se trata de entender que a velha ordem está em estado terminal e em choque com o Estado moderno em construção ou com o novíssimo “partido das ruas e das redes sociais”.
Não basta apenas ter quem faça a interlocução com o Congresso. É preciso ter também quem faça a interlocução com as ruas.
Na lógica do jogo menor, a nomeação do deputado Antônio Imbassahy pode adicionar contratempos, como acirrar o cabo-de-guerra da disputa da presidência da Câmara. Ou ser entendida por segmentos do PSDB, como uma opção preferencial de Michel Temer por Aécio Neves.
Na economia, para sair das cordas e reconstruir um ambiente favorável aos investimentos, o governo lançará um pacote microeconômico. Tudo bem, se não houver contraposição entre o micro e o macro, ou se não se abandonar o objetivo estratégico em nome de movimentos táticos. Se bem administradas, medidas de curto prazo podem contribuir para a superação do sufoco vivido pelos brasileiros. Se mal administradas, podem não surtir efeito e agravar o estado do paciente.
A mudança de ambiente virá mesmo se for obtido êxito nos fundamentos macroeconômicos. E esses começam a apontar para um cenário melhor. A excelente safra agrícola prevista para 2017 - algo em torno de R$ 194 bilhões a ser injetado na economia, um salto de 36 bilhões na comparação com 2016 – diminui a pressão inflacionária, o que é essencial para uma queda consistente da taxa Selic.
Os juros devem cair não por pressão política, mas porque foram criadas as condições para tal. A mudança significativa de ares virá com a PEC do Teto, finalmente aprovada nesta terça-feira, com a tramitação rápida da reforma previdenciária e com o encaminhamento da reforma trabalhista.
Se a classe política quiser sobreviver ao terremoto, as negociações deveriam se dar à base dessa agenda.
O perigo é Temer adotar uma estratégia de corrida padrão Dilma. No desespero, a ex soberana a toda hora apelava para medidas microeconômicas desconexas e acreditava que arrodearia o toco da crise com a simples troca de ministros.
Como na epístola de Michel Temer para o Procurador Geral da República, a presidente acusava os “vazamentos seletivos de supostas delações premiadas” de prejudicarem a retomada do crescimento econômico, numa clara transferência de responsabilidades
O presidente não é, claro, nenhum Kibii Tergat para ganhar a São Silvestre cinco vezes. Mas pode concluir a sua meia maratona com gás suficiente para chegar a 2018. Conseguirá, porém, contornar o obstáculo Odebrecht?
A questão é saber o quanto essas duas medidas serão capazes de reverter expectativas negativas de um quadro onde a crise política afeta a economia e a recessão econômica gera desconfianças, incide sobre o humor da sociedade e agrava, portanto, a crise política. Eis aí o nó górdio de Temer.
A micropolítica, embora necessária, é insuficiente para debelar a crise. Medidas pontuais, como entregar uma Secretaria de Governo turbinada ao PSDB podem ajudar a arejar o ambiente. Mas também pode turvá-lo. A dúvida hamletiana, se nomeia um tucano agora ou se deixa para quando o carnaval chegar, é mais lenha na fogueira da instabilidade.
A dificuldade é que o presidente e seus assessores são craques no jogo jogado no Congresso, mas são principiantes quando se trata de entender que a velha ordem está em estado terminal e em choque com o Estado moderno em construção ou com o novíssimo “partido das ruas e das redes sociais”.
Não basta apenas ter quem faça a interlocução com o Congresso. É preciso ter também quem faça a interlocução com as ruas.
Na lógica do jogo menor, a nomeação do deputado Antônio Imbassahy pode adicionar contratempos, como acirrar o cabo-de-guerra da disputa da presidência da Câmara. Ou ser entendida por segmentos do PSDB, como uma opção preferencial de Michel Temer por Aécio Neves.
Na economia, para sair das cordas e reconstruir um ambiente favorável aos investimentos, o governo lançará um pacote microeconômico. Tudo bem, se não houver contraposição entre o micro e o macro, ou se não se abandonar o objetivo estratégico em nome de movimentos táticos. Se bem administradas, medidas de curto prazo podem contribuir para a superação do sufoco vivido pelos brasileiros. Se mal administradas, podem não surtir efeito e agravar o estado do paciente.
A mudança de ambiente virá mesmo se for obtido êxito nos fundamentos macroeconômicos. E esses começam a apontar para um cenário melhor. A excelente safra agrícola prevista para 2017 - algo em torno de R$ 194 bilhões a ser injetado na economia, um salto de 36 bilhões na comparação com 2016 – diminui a pressão inflacionária, o que é essencial para uma queda consistente da taxa Selic.
Os juros devem cair não por pressão política, mas porque foram criadas as condições para tal. A mudança significativa de ares virá com a PEC do Teto, finalmente aprovada nesta terça-feira, com a tramitação rápida da reforma previdenciária e com o encaminhamento da reforma trabalhista.
Se a classe política quiser sobreviver ao terremoto, as negociações deveriam se dar à base dessa agenda.
O perigo é Temer adotar uma estratégia de corrida padrão Dilma. No desespero, a ex soberana a toda hora apelava para medidas microeconômicas desconexas e acreditava que arrodearia o toco da crise com a simples troca de ministros.
Como na epístola de Michel Temer para o Procurador Geral da República, a presidente acusava os “vazamentos seletivos de supostas delações premiadas” de prejudicarem a retomada do crescimento econômico, numa clara transferência de responsabilidades
O presidente não é, claro, nenhum Kibii Tergat para ganhar a São Silvestre cinco vezes. Mas pode concluir a sua meia maratona com gás suficiente para chegar a 2018. Conseguirá, porém, contornar o obstáculo Odebrecht?
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