Veruschka era a toptop model do momento. Representava ela mesma no filme, um clássico do cineasta italiano Michelangelo Antonioni, de 1966.
Cinquenta anos depois nem precisamos mais de aditivos alucinógenos para, estando aqui, estar mundo afora. Viajar ficou mais fácil, mais democrático. Um start no smartphone e vamos ao México, Chiapas.
Lá/aqui, carrascos tesouram, na praça, cabelos de 15 supervisoras de uma escola pública. Era castigo por listarem professores grevistas.
Antes do escalpo, foram obrigadas a caminhar descalças pelas ruas, levando escrachado crachá: traidores.
Reproduziam – e nós presenciamos da tela - modelo nazi/facista de terror, usado em países ocupados pela Alemanha e Itália, na 2ª Guerra. O mesmo repetido agora, mundo adentro, por neonazis e fundamentalistas de muitas bandeiras, como inominável Estado Islâmico, que de Estado não tem nada além do nome.
A violência de Chiapas foi perpetrada por sindicalistas ou, segundo o próprio sindicato dos professores mexicanos, “pela corrente radical’ daquela associação de mestres. Mestres! Em que mesmo?
Via smartphone estamos no México, como estivemos nas tragédias da Síria, do Afeganistão, da África, do Haiti, nas praias da Grécia, Itália, de Bodrum, na Turquia.
Pelas máquinas digitais estivemos in loco nos ataques terroristas de Paris, de Bruxelas, de Madri. No café da manhã, somos bombardeados na Palestina por Israel, depois vice-versa. Jantamos no meio da lama de Mariana. Acordamos num acidente aéreo.
Estivemos em campo nos 7 a 1 do chocolate levado da Alemanha, em 2014. E não pudemos fazer nada além de malhar o Dunga e Cia. Quase sempre, podemos fazer bem pouco além de doer – às vezes, sangrar - em tempo real.
(O seis de julho, que está pertinho, deveria ser tombado – dia de luto nacional. Matou o que mais congregava gregos e troianos do Brasil – a Seleção. Parece, dali pra frente tudo degringolou).
Nas telas nossas de cada dia – no almoço, jantar ou ceia – temos encontro marcado com baixarias de grosso calibre.
A tecnologia digital faz o mundo pequeno e as dores grandes.
Dói a indignidade dos cabelos cortados em Chiapas, doem os triviais estupros coletivos. Doem indignidades expostas em ordinários grampos e delações. Dia a dia, e num sem fim, destroem personas. Machucam esperanças.
Aqui e agora, dói o machismo nacional campeando, sem cerimônia, nas telas digitais. Dói a ignorância ali exibida. Preconceitos assim tão, tão expostos. Dói a violência. Todos juntos, visíveis e muito maiores do que podia imaginar nossa vã filosofia, antes do digital.
Que mundo é esse? Em que caverna o mal foi cevado para sair assim gigante e de tantos tentáculos?
Transparente e online, o século 21 dói em realidade e expectativa.
Lá/aqui, carrascos tesouram, na praça, cabelos de 15 supervisoras de uma escola pública. Era castigo por listarem professores grevistas.
Antes do escalpo, foram obrigadas a caminhar descalças pelas ruas, levando escrachado crachá: traidores.
Reproduziam – e nós presenciamos da tela - modelo nazi/facista de terror, usado em países ocupados pela Alemanha e Itália, na 2ª Guerra. O mesmo repetido agora, mundo adentro, por neonazis e fundamentalistas de muitas bandeiras, como inominável Estado Islâmico, que de Estado não tem nada além do nome.
A violência de Chiapas foi perpetrada por sindicalistas ou, segundo o próprio sindicato dos professores mexicanos, “pela corrente radical’ daquela associação de mestres. Mestres! Em que mesmo?
Via smartphone estamos no México, como estivemos nas tragédias da Síria, do Afeganistão, da África, do Haiti, nas praias da Grécia, Itália, de Bodrum, na Turquia.
Pelas máquinas digitais estivemos in loco nos ataques terroristas de Paris, de Bruxelas, de Madri. No café da manhã, somos bombardeados na Palestina por Israel, depois vice-versa. Jantamos no meio da lama de Mariana. Acordamos num acidente aéreo.
Estivemos em campo nos 7 a 1 do chocolate levado da Alemanha, em 2014. E não pudemos fazer nada além de malhar o Dunga e Cia. Quase sempre, podemos fazer bem pouco além de doer – às vezes, sangrar - em tempo real.
(O seis de julho, que está pertinho, deveria ser tombado – dia de luto nacional. Matou o que mais congregava gregos e troianos do Brasil – a Seleção. Parece, dali pra frente tudo degringolou).
Nas telas nossas de cada dia – no almoço, jantar ou ceia – temos encontro marcado com baixarias de grosso calibre.
A tecnologia digital faz o mundo pequeno e as dores grandes.
Dói a indignidade dos cabelos cortados em Chiapas, doem os triviais estupros coletivos. Doem indignidades expostas em ordinários grampos e delações. Dia a dia, e num sem fim, destroem personas. Machucam esperanças.
Aqui e agora, dói o machismo nacional campeando, sem cerimônia, nas telas digitais. Dói a ignorância ali exibida. Preconceitos assim tão, tão expostos. Dói a violência. Todos juntos, visíveis e muito maiores do que podia imaginar nossa vã filosofia, antes do digital.
Que mundo é esse? Em que caverna o mal foi cevado para sair assim gigante e de tantos tentáculos?
Transparente e online, o século 21 dói em realidade e expectativa.
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