Hélio Bicudo tem 93 anos e uma grandiosa mágoa com o Partido dos Trabalhadores. Os anos em que militou ao lado do ex-presidente Lula pela construção do PT parecem estar em um passado remoto da vida do jurista. Sua bandeira já não é mais vermelha e seu plano agora é impedir que Lula volte ao poder. "Eu conheci o Lula quando ele era um operário. A casa dele não tinha nem o tamanho desta sala", disse Bicudo, em seu apartamento no coração dos Jardins, bairro nobre de São Paulo. "Hoje ele é um milionário".
"Vamos trabalhar para que Lula não volte em 2018", disse ele na noite da última sexta-feira, quando cedeu sua casa para a realização de uma pequena coletiva de imprensa dos movimentos pró-impeachment Nasruas, Movimento Liberal Acorda Brasil, Brasil Melhor e Avança Brasil Maçons. Na ocasião, os movimentos anunciaram que iriam pedir a Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para anexar seus pedidos de impeachment ao pedido que Bicudo protocolou no último dia 1.
"Precisamos acabar com esse sentimento de impunidade", afirmou Bicudo. O pedido de impeachment do jurista é baseado nas pedaladas fiscais e na omissão de Dilma Rousseff diante dos casos de corrupção na Petrobras. "Dilma e Lula estão envolvidos em todos os casos de corrupção".
Bicudo não vê nenhum mérito na gestão PT na presidência. Tampouco reconhece a importância dos programas sociais desenvolvidos nos últimos anos. "O Minha casa minha vida é uma enganação. É tudo inventado. E a imprensa engole", disse ao EL PAÍS, no sofá de sua sala. "Essas pessoas [beneficiadas pelo programa] são todas filiadas a algum partido".
O Bolsa Família, programa de transferência de renda que foi alvo de disputa pelo criador durante as eleições do ano passado, tampouco é mérito do PT para Bicudo. "O Bolsa Família não é mérito da Dilma ou do PT", disse. "Chegamos em um momento em que isso teria que ser feito, era uma demanda natural, qualquer um o faria".
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