quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Corrupto, é a mãe!

Com a redação “Todos nós somos corruptos”, a estudante Liliana Rodrigues, de 14 anos, que cursa o 9º ano da Escola Municipal Jorge Amado, em Salvador, venceu o concurso de redação lançado pelo Ministério Público Federal, com o tema “Corrupção, Não!”.

Assustadoramente o que se vê é a doutrinação extrapolando a mídia e chegando às escolas. Há muito interesse nos poderes em esclarecer "cientificamente" que o brasileiro já nasce corrupto. Ou no mínimo, nossa corrupção é made in Portugal, absurdo de que somos corruptos devido à colonização lusa.

O besteirol, defendido mesmo por mentes brilhantes como purpurina, virou moda e vai ficar difícil em breve descobrir brasileiro que não se ache corrupto desde criancinha, quando chorava para mamar no seio. Quem sabe, talvez mesmo se ache corrupção por descendência. 


A generalização só interessa aos corruptos, assim como a afirmativa de que o Aedes aegypti é inseto doméstico livra os governo de responsabilidade por falta de saneamento básico. Nos dois casos, a participação popular é um ingrediente bem menor do que se imagina, mas generalizar tem efeito benéfico para os delinquentes político-governamentais.

Se todos são corruptos, os bandidos da Lava Jato são equiparados àqueles que molham a mão de policiais. Assim roubar milhões ou corromper funcionário público terá o mesmo valor penal apesar de qualificadamente diferentes - um sendo ato pessoal e outro, quadrilheiro.

Com o peso do crime rebaixado bem por baixo, se estará reduzindo a carga de importância da propina de alto escalão. Psicologicamente, quem estacionou em local proibido se sentirá tão culpado quanto se tivesse recebido propina de milhões de dólares. Uma excelente manobra, mas que transforma um país em nação de corruptos apenas para efeito de contabilidade marginal.

A estratégia malandra tem apenas uma falha: não há 220 milhões de corruptos no Brasil. São milhares, bem menos do que se calcula, mas deixaram há muito a corrupção: são ladrões governamentais, categoria bem diferente do corrupto comum e rastaquera, que é roubado pelo quadrilheiro partidário, pela gangue de governos e partidos. 

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