segunda-feira, 22 de junho de 2015

Confissão ou testamento de Lula


Lobistas de Brasília fazem a previsão do fim do mundo: o juiz Sérgio Moro não vai chamar Lula para prestar depoimento. Vai mandar prendê-lo. Neste caso, ou tem confissão de verdade, ou o testamento político de Lula vai acabar no lixo da História. Lula ainda poderá escolher. A não ser que prefira dar uma de Getúlio Vargas... Mas isto é improvável, pois depende de muita honra e coragem...

Morto politicamente Lula já está... Financeiramente, mais vivo que nunca... O problema é que dinheiro e diamantes africanos não resolvem tudo na hora do verdadeiro juízo final - que não é o do judiciário do Brasil da impunidade ampla, geral e irrestrita. O acerto de contas de Lula pode ser impagável. A tendência é que ele somatize o momento crítico, com alto risco para a saúde - que a marketagem afirma estar maravilhosa e perfeita para disputar a sucessão de 2018... Até lá, pau na Dilma!

Véspera de desgraça, para um sujeito hiper-muito-informadíssimo como Luiz Inácio Lula da Silva, parece ser um momento premonitório. Quinta-feira passada, com a voz mais rouca que nunca, como sequela do câncer de laringe que milagrosamente curou, o mito Lula cometeu uma confissão ou proferiu seu testamento em uma histórica reunião com uns 30 dirigentes de entidades religiosas. Deus que os perdoe... E nos livre e guarde...


Lá perto de onde um dia Dom Pedro I deu o famoso grito do Ipiranga, as paredes do auditório do Instituto Lula ouviram Lula cometer um verdadeiro sincericídio político em 50 minutos de conversa. Ou, então, já sabendo que a coisa ficaria preta para os amigos empreiteiros, Lula aproveitou para dar mandar um recadinho. O tom negativo do discurso ficou mais para funeral que para renascimento político. O papo de Lula vazou para O Globo. Ou foi vazado de propósito?

Foram apóstolos das confissões de Lula: seu fiel Gilberto Carvalho, o bispo dom Pedro Luiz Stringhini, o padre Julio Lancelotti, e tantos outros dirigentes de pastorais católicas e um pastor evangélico. Abram-se aspas para $talinácio, em ritmo de velório e detonação da companheira Dilma Rousseff (agora com 10% apenas de aprovação e 65% de reprovação, segundo o Datafolha). Lula também a reprova:

"Dilma está no volume morto, o PT está abaixo do volume morto, e eu estou no volume morto. Todos estão numa situação muito ruim. E olha que o PT ainda é o melhor partido. Estamos perdendo para nós mesmos".

"O momento não está bom; o momento é difícil. Acabamos de fazer uma pesquisa em Santo André e São Bernardo, e a nossa rejeição chega a 75%. Entreguei a pesquisa para Dilma, em que nós só temos 7% de bom e ótimo".



"Aquele gabinete (presidencial) é uma desgraça. Não entra ninguém para dar notícia boa. Os caras só entram para pedir alguma coisa. E como a maioria que vai lá é gente grã-fina... Só entrou hanseniano porque eu tava no governo, só entrou catador de papel porque eu tava no governo. Essa coisa se perdeu".

“Isso não é para você desanimar, não. Isso é para você saber que a gente tem de mudar, que a gente pode se recuperar. E entre o PT, entre eu e você, quem tem mais capacidade de se recuperar é o governo, porque tem iniciativa, tem recurso, tem uma máquina poderosa para poder falar, executar, inaugurar”.

"Os ministros têm de falar. Parece um governo de mudos. Os ministros que viajam são os que não são do PT. Kassab já visitou 23 estados, não sei quem já visitou 40 estados. Aí não dá. Kassab já tá criando outro partido e a gente não tá defendendo nem o da gente!"

"O governo parece um governo de mudos... Falar é uma arma sagrada. Estamos há seis meses discutindo ajuste. Ajuste não é programa de governo. Em vez de falar de ajuste... Depois de ajuste vem o quê? É preciso fazer as pessoas acreditarem que o que vem pela frente é muito bom. Agora parece que acabou o (assunto) do ajuste”.

"Gilberto sabe do sacrifício que é a gente pedir para a companheira Dilma viajar e falar. Porque na hora que a gente abraça, pega na mão, é outra coisa. Política é isso, o olhar no olho, o passar a mão na cabeça, o beijo".

"Nós tivemos as eleições no dia 26 de outubro. De lá pra cá, Gilberto, nós temos que dizer para vocês, porque vocês são companheiros, depois de nossa vitória, qual é a noticia boa que nós demos para este país? Essa pergunta eu fiz para a companheira Dilma no dia 16 de março, na casa dela".

"Eu fiz essa pergunta para Dilma. Companheira, você lembra qual foi a última notícia boa que demos ao Brasil? E ela não lembrava. Como nenhum ministro lembrava. Como eu tinha estado com seis senadores, e eles não lembravam. Como eu tinha estado com 16 deputados federais, e eles não lembravam. Como eu estive com a CUT, e ninguém lembrava".

"Primeiro: inflação. Segundo: aumento da conta de água, que dobrou. Terceiro: aumento da conta de luz, que para algumas pessoas triplicou. Quarto: aumento da gasolina, do diesel, aumento do dólar, aumento das denúncias de corrupção da Lava-Jato, aquela confusão desgraçada que nós fizemos com o Fies (Financiamento Estudantil), que era uma coisa tranquila e que foram mexer e virou uma desgraceira que não tem precedente. E o anúncio do que ia mexer na pensão, na aposentadoria dos trabalhadores".

"Tem uma frase da companheira Dilma que é sagrada: Eu não mexo no direito dos trabalhadores nem que a vaca tussa”. E mexeu. Tem outra frase, Gilberto, que é marcante, que é a frase que diz o seguinte: Eu não vou fazer ajuste, ajuste é coisa de tucano. E fez. E os tucanos sabiamente colocaram Dilma falando isso (no programa de TV do partido) e dizendo que ela mente. Era uma coisa muito forte. E fiquei muito preocupado".

"Não acredito que tenha havido mensalão. Não acredito. Pode ter havido qualquer outra coisa, mas eu duvido que tenha havido compra de voto — disse ele, mencionando que o ex-deputado Luizinho, do PT de Santo André, não poderia ter voto comprado no mensalão porque era, na época do escândalo, em 2005, líder do governo".

"Nós começamos a quebrar a cara ao tratar do mensalão juridicamente. Então, cada um contratou um advogado. Advogado muito sabido, esperto, famoso, desfilando por aí, falando que a gente ia ganhar na Justiça. E a imprensa condenando. Todo dia tinha uma sentença. Quando chegou o dia do julgamento, o pessoal já estava condenado".
"Jamais vi o ódio que está na sociedade. Família brigando dentro de família, companheiro do PT que não pode entrar em restaurante".

Fecha aspas... Parece que a comilança está acabando... Tudo verdade, $talinácio... O líder do DEM, senador José Agripino Maia, interpretou o discurso de Lula aos religiosos com pura e mortal ironia: "A fala dele, com a respeitabilidade que ele tem no PT, significa a decretação da falência do partido e do governo. É um atestado de óbito. Ele mesmo disse que a Dilma não recebe ninguém, não recebe os pobres. Ele qualificou Dilma como elitista, que se aproveita do poder. Na hora em que diz isso, reconhece a falência do projeto do PT e das principais figuras do partido que estão no governo".

Por tudo isso que esbravejou Lula em seu confessionário ou testemunho de despedida, sendo devidamente sacaneado pela "oposição", é preciso perguntar, novamente, sem a menor maldade: Como o Instituto Lula vai conseguir custear sua despesa média mensal elevadíssima sem a ajuda dos grandes doadores - agora presos e cada vez mais enrolados nos processos da Lava Jato?

Antes de ser preso, Marcelo Odebrecht teria feito uma ligação e dito: "É pra resolver essa lambança ou não haverá República na segunda-feira"... Por isso, outra perguntinha, agora bem idiota: Será que o mundo acaba assim que o domingão encerrar? Erga Omnes!
Jorge Serrão

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