sábado, 14 de março de 2015

A chapa branca do vermelho

Dilma passou a sexta-feira 13 roendo as unhas e esbravejando mais do que costuma. Era o fantasma do comício da Central do Brasil, na mesma data, há 51 anos, quando o então presidente João Goulart e a mulher Maria Teresa estiveram diante de uma multidão no Rio.


O evento, organizado pelo Comando Geral dos Trabalhadores, tomava uma área bem ao lado do prédio do Ministério do Exército. Como o último baile do Império, na ilha Fiscal, decretara a queda do imperador dom Pedro II, o comício da Central, encarado então como afronta às Forças Armadas ali pertinho, foi um marco para a queda dois anos depois de Jango.

A data, como se vê, não era mais propícia aos fantasmas de Dilma, que subiu nas paredes quando viu as manifestações vermelhas da CUT, oficialmente chapa branca, não mostrar multidões. A Central não reuniu o que se esperava nem motivou a população. Em São Paulo, até teve o reforço de outros manifestantes, dos professores locais, que tinham outros motivos para ir às ruas. Assim cresceu um pouco mais. Dos exércitos de Stédile, nada.

Como o comício da Central, há décadas, (quem viu não esquece) reuniu bem mais gente que antes não eram militantes como agora, Dilma tremeu mais ainda. O que poderia ser uma demonstração de força da presidente junto ao poder sindical mostrou-se um fiasco. Ainda mais que o próprio governo pediu para não serem mais críticos aos planos governamentais. O pedido foi apenas mascarado e demonstra que por mais que se veja gente até a CUT está com Dilma pela garganta.

Os manifestantes, ou digamos comprados colaboradores, exibiram o incrível paradoxo de estar a favor de Dilma e contra Levy. Ou uma coisa, ou outra, levar gente às ruas para mostrar a contradição é burrice. Um paradoxo com que o PT trabalha como uma vitória. Mas nessa, novamente, perdeu. Por sinal, derrotas é que não faltam a Dilma neste início de segundo mandato. Como nunca na história brasileira, um presidente reeleito recomeça o mandato como um derrotado.

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