“Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir”
(Construção, Chico Buarque)
Caminharam até a sede da Petrobras, no Centro, sem um tumulto, sem um vandalismo. Era o povo brasileiro na rua reclamando seus direitos. Mas não receberam da imprensa o respeito a que tinham direito. Eram apenas um fato que atrapalhou o tráfego, que mereceu injúrias dos motoristas, dos passageiros, dos que confortavelmente assistiam o transtorno no trânsito engarrafado pela televisão.
O movimento popular, digno e democrático, não mereceu o devido aplauso, porque saiu na contramão. As redes da mídia não destinaram a ele o mesmo espaço infinito com que dispensam às manifestações de black blocs, que nada mais fazem do que desestimular protestos democráticos.
Quebrar vidraças e bancos faz parte da propaganda contra você se manifestar, aderir a movimentos. Aos violentos e baderneiros, as câmeras, os flashes, os números do ibope; aos operários pacíficos, quase um silêncio, quando não um palavrão por atrapalharem o tráfego. Eis a democracia à brasileira.
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