terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Crise e castigo

A novela brasileira assume rumos de caso policial com o governo se eximindo-se de qualquer culpa, como um santo, que só faz o que é bom para a população.

Em plena crise de água, com a oferta já nos volumes mortos de rios assoreados, degradados, e de esbanjamento dos ricos e de empresas, o cidadão aí tem que se socorrer de medidas para colher de São Pedro as migalhas das gotas dadivosas. Ainda é o único a realmente ter dó de nós.

Mais do que tudo, nesta época, o brasileiro se tornou o sujeito inventivo da atualidade. Pesquisa, consulta Google, enche o saco de especialistas em hidráulica. E vão saindo das cabeças as mais estranhas formas de se recolher água do céu, que a da terra está à míngua.

É quando chega a hora de executar a grande obra que o cidadão descobre que mais do que lhe furtar a água da sobrevivência ainda tem que aguentar outro crime: os preços dos equipamentos subiram até 20%. O orçamento feito em final de janeiro já foi pro lixo. Assaltam sem piedade o seu bolso sem que tenha uma autoridade para recorrer, porque foi assim determinado.

Aí se vê que novamente estamos sendo roubados descaradamente até quando desejávamos apenas economizar água como tanto anunciam os governos ser um dever do cidadão. Esquecem apenas o detalhe de que não podem também roubar até nesse dever. E volta o cidadão condenado duplamente por ser a vítima, enquanto os réus estão em liberdade, arrulhando como anjos.

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