sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Descaso pela educação é causa dos nossos males


A principal causa do abastardamento da “vida pública” no país, com uma ou outra exceção, resulta do descaso de todos os governos, não apenas pelo o ensino em si, mas pela educação, do primeiro e segundo graus à universidade. Além de sempre malremunerada, não há, hoje, profissão mais ingrata e difícil de ser exercida do que a de professor. O respeito entre mestre e discípulo acabou faz tempo, mas, ao que parece, ninguém se deu conta disso ou, então, concorda com isso.

Esse descaso pelo que deveria ser a primeiríssima preocupação de todos os governos leva ao desinteresse por nossa história. E o povo que não conhece sua história não tem como pensar nem encarar seu futuro. Ou, dizendo melhor: não tem projeto de futuro.

O slogan “Brasil, Pátria Educadora”, reeditado agora pela presidente Dilma Rousseff, cheira a achincalhe. Já nada inspirava quando foi criado e, agora, com a nomeação de alguém totalmente estranho ao setor, é mais uma confirmação de que a educação só serve mesmo como moeda de troca. Só pode merecer, portanto, o descaso!

Tanto isso é verdade que, mesmo eleita prioridade máxima deste segundo mandato, a educação foi duramente atingida pelo decreto presidencial, que valerá até a aprovação do Orçamento, com um corte de R$ 7 bilhões (dos R$ 22,7 bi já cortados). O decreto bloqueou, na realidade, um terço dos gastos administrativos das 39 pastas (um número absurdo, que só faz dificultar a administração pública). É essa, então, a prioridade das prioridades da recém-eleita presidente Dilma?

Se o corte na educação é mais uma prova do descaso que se tem por ela, a nomeação do novo ministro é outra zombaria. O ministério entregue a Cid Gomes é a contrapartida do apoio eleitoral que ele e seu irmão deram à presidente no Ceará. Diante das 529 mil redações que obtiveram nota zero no Enem, além de afirmar que “os estudantes estão lendo pouco” (que achado, hein?!), o próprio ministro concluiu: “Não dá para fugir, camuflar e dizer que o ensino público é bom. Está aquém do desejável. Estamos aqui para lutar para melhorar”.

Com que autoridade, porém, o novo ministro fará isso?

É evidente, caro leitor, que o histórico descaso pela educação nos levou à corrupção generalizada e sem limites que vivemos hoje. Embalada pelo princípio do “salve-se quem puder: dinheiro público não tem dono”, tomou conta, praticamente, de todos os nossos órgãos estatais. Os agentes públicos, por sua vez, com honrosas exceções, se transformaram em intermediários de negócios criminosos. A revolta surda que isso tem provocado entre os brasileiros, se não abrirmos os olhos, transformar-se-á numa avalanche, que, mais dia, menos dia, desencadeará reações fratricidas, como sempre ocorreu no mundo todo.

O brasileiro não é nenhum songamonga, incapaz de reagir aos constantes ataques a seus direitos, a seu dinheiro e a sua respeitabilidade, como, às vezes, pode dar a entender. A raiva perigosa e crescente que tem demonstrado por meio, sobretudo, das redes sociais, é assustadora. E, como se sabe, a raiva é inimiga terrível que se cozinha em fogo brando e provoca reações imprevisíveis, quase sempre trágicas. Nunca foi fácil controlar o desespero de ninguém. É ele que nos obriga a cometer atos que, em sã consciência, jamais seriam imaginados. É nessa hora que o ser humano se transforma em animal irracional.

Os exemplos estão na nossa cara!

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