O PT que reelegeu a presidente Dilma Rousseff em outubro
deste ano é outro, com formação e até bandeiras distintas daquele Partido dos
Trabalhadores surgido na década de 80 com a pretensão de transformar a política
brasileira. As mudanças, adotadas principalmente após o partido se tornar
governo, geraram reflexos. Depois de a sigla colher os frutos de se manter no
poder central por mais de 12 anos, o atual momento não é tão positivo para os
petistas, mesmo após o êxito nas urnas. As consequências negativas dos “erros”
estão sendo sentidas agora, quando a sigla enfrenta novas denúncias e
manifestações antipetistas pelo país.
Se a população tem feito críticas à administração petista –
movimento que cresceu depois das denúncias do mensalão e da corrupção na
Petrobras –, fundadores da legenda, que acabaram se desfiliando após as falhas
cometidas, não evitam mais os ataques. E mesmo quem continua na sigla já admite
a necessidade de mudar.
Desde a criação da legenda, em 1980, alguns idealizadores do
PT se desfiliaram e decidiram se afastar da política partidária, enquanto
outros fundaram legendas nas quais viriam a ser candidatos. Apesar de alguns
nomes, como o do ex-presidente Lula, continuarem no comando partidário,
fundadores tidos como mais “radicais” e defensores de políticas mais à esquerda
e próximas do “socialismo” optaram por deixar o PT.
Esse fato, segundo analistas, é o principal responsável pela
mudança de rumo. “O quadro do partido não é possível de se reverter. Se não se
propõe a superar o capitalismo, como pretendia inicialmente, é porque não é
socialista. Isso o torna igual a outras siglas”, avalia o cientista político da
Unesp Antonio Carlos Mazzeo.
Um dos exemplos de políticos que optaram por se desfiliar é
o candidato derrotado à Presidência Eduardo Jorge (PV). “Saí basicamente porque
acho que o PT ainda tem um déficit de aceitação da democracia. Continua com um
pensamento hegemonista de controle da sociedade, herdado da ditadura”, diz.
Crítica semelhante é feita pelo senador Cristovam Buarque
(PDT). Ele diz que sua saída ocorreu após o partido “perder o vigor
transformador”. “Dizia que o PT ia levar dez anos para retomar esse vigor.
Agora já acho que vai levar muito mais tempo. O PT corre o risco de se tornar
um partido inexpressivo. Enquanto continuar como governo, não há chance de
recuperar sua utopia”, acredita.
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