Para promotor especialista em carteis, algumas empresas atuam como a máfia
Mudam os esquemas, mas os protagonistas continuam os mesmos.
Ano após ano, grandes empresas – em especial, construtoras – são apontadas como
pivôs de escândalos suspeitos de desviar uma fortuna dos cofres públicos no
Brasil. O mais atual, que atinge a empresa estatal mais importante do país, a
Petrobras, revelado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF), pode ter
causado um rombo de até 10 bilhões de reais. Para o promotor de Justiça de São
Paulo, Marcelo Batlouni Mendroni, especialista em investigar crimes financeiros
e cartéis, somente uma ampla reforma na legislação diminuirá a ocorrência de
casos de corrupção que, na avaliação dele, é endêmica.
“Não há uma prefeitura, um Estado no Brasil, sem contratos
superfaturados de obras, de prestação de serviços”, disse o promotor, doutor
pela Universidad Complutense de Madrid, na Espanha, com pós doutorado na
Università di Bologna, na Itália. Em entrevista ao El País, na sede do Gedec,
órgão do Ministério Público paulista criado em 2008 para investigar delitos de
ordem econômica, Mendroni comparou as empresas envolvidas em escândalos dessa
natureza à máfia italiana.
O promotor é autor da denúncia, de 2012, um grupo de
empreiteiras suspeitas de fraudar uma concorrência pública para obras do metrô
paulista. Embora sejam casos completamente distintos – um afeta o Governo
Federal, comandado pelo PT, e o outro o Governo paulista, a cargo do PSDB –,
chama a atenção a repetição dos “personagens” da esfera privada. Dentre as
denunciadas pela Promotoria de São Paulo há dois anos, seis estão agora sob a
mira da Operação Lava Jato da PF: as construtoras Camargo Corrêa, Mendes
Júnior, OAS, Queiroz Galvão, Iesa e Odebrecht – todas negam irregularidades. Na
semana passada, 36 investigados, entre eles executivos de oito construtoras,
foram detidos pela Polícia Federal.
Leia a entrevista do promotor Marcelo Mendroni
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