“Era uma bela manhã de agosto. O vento era suave. Uma
tripulação contente e satisfeita levantava a vela, disparava uma saudação, e
navegava para fora do local onde hoje fica Slussen (nota: a área da eclusa que
separa o lago Mälaren do Mar Báltico, no centro de Estocolmo).
Milhares de moradores contemplavam o orgulho da
superpotência, um dos maiores e mais fortemente armados navios de guerra, o que
faria a guerra contra os católicos no continente.
Em vez disso, eles viram o Vasa dar uma violenta guinada
assim que saiu do abrigo. O navio se endireitou, mas foi logo empurrado
para baixo por uma rajada. Desta vez tão fortemente que a água começou a jorrar
para dentro das aberturas dos canhões.
O maior navio da frota adernou rapidamente, virou e afundou
em 10 de agosto de 1628, após uma viagem de 1300 metros.
Neste domingo, faz 50 anos que o Vasa foi resgatado pelo
engenheiro naval Anders Franzén, depois de uma longa luta contra aqueles que
queriam explodir os destroços e com eles fazer móveis de madeira.
Isso deu à Suécia seu mais impressionante museu, com os mais
bem conservados restos de um naufrágio dos anos 1600 que o mundo já viu.
Como bônus, nós também temos um permanente lembrete sobre o
perigo do autoritarismo e do pensamento de grupo - partidos, organizações e
empresas deveriam fazer visitas regulares ao Museu Vasa, para sempre lembrar-se
dos riscos que correm.
Para os responsáveis, o naufrágio do Vasa não foi uma surpresa.
Os interrogatórios revelaram mais tarde que eles provavelmente suspeitavam de
que as coisas não iam bem, mas cada um culpava o outro.
Ninguém se atreveu a informar o rei de que seus planos
forçados não eram factíveis. O Almirante de Esquadra alegou que o Capitão
deveria ter protestado, e o Capitão disse que era o Almirante Clas Fleming quem
deveria ter feito isso.
O Rei Gustav II Adolf havia exigido um navio poderoso e o
queria imediatamente. O projeto não foi testado e o barco tinha não apenas mais
canhões na parte superior, como também menos peso na parte inferior, do que o
habitual. Já no porto o defeito era óbvio.
Na primavera de 1628, a estabilidade do Vasa foi testada por
30 marinheiros correndo para trás e para frente no convés. O Vasa começou a
balançar violentamente.
O Almirante Fleming reagiu imediatamente, interrompendo o
teste e fingindo que tudo estava em ordem. Ele era um dos homens mais
talentosos da frota, mas ele também queria agradar, ele não queria criar
problemas e decepcionar o chefe.
Soa um pouco como algum local de trabalho perto de você? Em
400 anos, a construção de navios conseguiu se transformar, mas o ser
humano continua o mesmo”.
***
O texto acima é de Johan Norberg, publicado originalmente em
sueco no jornal Metro de Estocolmo, em 20 de abril de 2011, sobre o fim do
Vasa, único navio de guerra do século XVII existente no mundo. Com 95% do casco
original do barco preservado é um tesouro artístico único e uma das maiores
atrações turísticas do mundo. Afundou no dia do lançamento ao mar, após
percorrer apenas 1 milha náutica (menos de 2 km). Graças às condições
especiais das águas do Báltico, foi recuperado mais de 330 anos depois,
praticamente intacto. O navio encontra-se exposto num museu especialmente
edificado para acolher o navio, em Estocolmo.
O texto foi traduzido por Sandra Paulsen no artigo O Vasa -Lições para o Brasil de hoje
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