quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Lição para o Brasil de hoje


“Era uma bela manhã de agosto. O vento era suave. Uma tripulação contente e satisfeita levantava a vela, disparava uma saudação, e navegava para fora do local onde hoje fica Slussen (nota: a área da eclusa que separa o lago Mälaren do Mar Báltico, no centro de Estocolmo).

Milhares de moradores contemplavam o orgulho da superpotência, um dos maiores e mais fortemente armados navios de guerra, o que faria a guerra contra os católicos no continente.

Em vez disso, eles viram o Vasa dar uma violenta guinada assim que saiu do abrigo. O navio se endireitou, mas foi  logo empurrado para baixo por uma rajada. Desta vez tão fortemente que a água começou a jorrar para dentro das aberturas dos canhões.

O maior navio da frota adernou rapidamente, virou e afundou em 10 de agosto de 1628, após uma viagem de 1300 metros.

Neste domingo, faz 50 anos que o Vasa foi resgatado pelo engenheiro naval Anders Franzén, depois de uma longa luta contra aqueles que queriam explodir os destroços e com eles fazer móveis de madeira.

Isso deu à Suécia seu mais impressionante museu, com os mais bem conservados restos de um naufrágio dos anos 1600 que o mundo já viu.
Como bônus, nós também temos um permanente lembrete sobre o perigo do autoritarismo e do pensamento de grupo - partidos, organizações e empresas deveriam fazer visitas regulares ao Museu Vasa, para sempre lembrar-se dos riscos que correm.

Para os responsáveis, o naufrágio do Vasa não foi uma surpresa. Os interrogatórios revelaram mais tarde que eles provavelmente suspeitavam de que as coisas não iam bem, mas cada um culpava o outro.

Ninguém se atreveu a informar o rei de que seus planos forçados não eram factíveis.  O Almirante de Esquadra alegou que o Capitão deveria ter protestado, e o Capitão disse que era o Almirante Clas Fleming quem deveria ter feito isso.
O Rei Gustav II Adolf havia exigido um navio poderoso e o queria imediatamente. O projeto não foi testado e o barco tinha não apenas mais canhões na parte superior, como também menos peso na parte inferior, do que o habitual. Já no porto o defeito era óbvio.

Na primavera de 1628, a estabilidade do Vasa foi testada por 30 marinheiros correndo para trás e para frente no convés. O Vasa começou a balançar violentamente.

O Almirante Fleming reagiu imediatamente, interrompendo o teste e fingindo que tudo estava em ordem. Ele era um dos homens mais talentosos da frota, mas ele também queria agradar, ele não queria criar problemas e decepcionar o chefe.

Soa um pouco como algum local de trabalho perto de você? Em 400 anos, a construção de navios conseguiu se transformar, mas o ser humano continua o mesmo”.

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O texto acima é de Johan Norberg, publicado originalmente em sueco no jornal Metro de Estocolmo, em 20 de abril de 2011, sobre o fim do Vasa, único navio de guerra do século XVII existente no mundo. Com 95% do casco original do barco preservado é um tesouro artístico único e uma das maiores atrações turísticas do mundo. Afundou no dia do lançamento ao mar, após percorrer apenas 1 milha náutica (menos de 2 km). Graças às condições especiais das águas do Báltico, foi recuperado mais de 330 anos depois, praticamente intacto. O navio encontra-se exposto num museu especialmente edificado para acolher o navio, em Estocolmo.

O texto foi traduzido por Sandra Paulsen no artigo O Vasa -Lições para o Brasil de hoje 

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