Uma das
maiores surpresas dos brasileiros foi ligar a televisão no final da tarde e
perceber que só estava ocorrendo apuração dos votos para governador nos Estados
em que havia segundo turno. Nada de apuração da eleição presidencial.
Ninguém estava
acostumado com isso. Nunca antes, na História deste país, isso tinha
acontecido. Todos estavam acostumados àquela saudável e patriótica emoção de
votos virem pingando de todo o país, até ocorrer o desenlace final.
Desta vez,
não. As emissoras de TV ficaram embromando, fazendo debates entre intelectuais,
enchendo linguiça e aguardando. E aguardando… Até que, depois da 20 horas,
chegaram os primeiros resultados oficiais, que já vinham indicando a vitória de
Dilma Rousseff, pois faltava apurar apenas 5% dos votos.
Como aconteceu
isso? Ora, o estranho fenômeno eleitoral só ocorreu mediante uma série de
“coincidências”.
1) O horário
de verão, por decreto presidencial, começou dia 19 de outubro, às vésperas do
segundo turno. Como atrapalhava a apuração (segundo o Tribunal Superior
Eleitoral), bastava baixar um novo decreto adiando-o ou adiantando a hora no
Acre, que só tem 500 mil eleitores e praticamente não influi nas eleições
presidenciais. Mas por “coincidência”, o governo não fez uma coisa nem outra.
2) Sob esse
ridículo argumento do horário da eleição no Acre, por “coincidência” o TSE do
ministro petista Antonio Dias Toffoli criou a apuração secreta, que transcorreu
numa sala reservada, à qual nem mesmo os ministros do TSE tiveram acesso, e sem
fiscalização pelos partidos e pela Polícia Federal.
3) Nas
eleições anteriores, os Tribunais Regionais Eleitorais iam transmitindo
paulatinamente a apuração, diante da imprensa e sob fiscalização dos partidos e
da Polícia local. Foi assim que em 1982 se descobriu a fraude do Proconsult
para derrotar Brizola. O delegado Manoel Vidal, chefe da segurança da apuração,
percebeu o golpe, simultaneamente denunciado também por nosso colega Pedro do
Coutto, que cobria a apuração pelo Jornal do Brasil.
4) Mas nesta
eleição estilo 2014, por “coincidência” (ou melhor, pelo efeito Acre), os TREs
só divulgavam os votos para governador e iam enviando a apuração presidencial
diretamente para a sala secreta do TSE.
5) Também por
“coincidência” (digo, ainda pelo efeito Acre), os Estados onde não havia
segundo turno para governador não divulgavam nada e também mandavam seus totais
para a sala secreta do TSE.
6) E a grande
“coincidência” foi saber que a vitória de Dilma Rousseff foi garantida pelos
votos de Estados sem eleição para governador em segundo turno, onde não houve
fiscalização dos partidos, nada, nada.
7) Foi também
curioso e intrigante saber que Dilma estava perdendo para Aécio até 80% da
apuração (às 19h32m) e de repente, no finalzinho, também por “coincidência”,
ganhou por pequena margem, com base na votação em Estados sem segundo turno,
cujos totais foram passados em bloco, diretamente para a sala secreta do TSE:
Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Pernambuco e outros estados do Nordeste.
8) E por
“coincidência”, foi instigante saber que Aécio perdeu até mesmo em Pernambuco,
onde o mito Eduardo Campos conseguira fazer o governador no primeiro turno.
9) Ainda por
“coincidência”, o dirigente petista Luiz Eduardo Greenhalg adiantou a
“vitória”, alardeando-a em sua conta no Twitter e no Facebook às 19h26m,e não
adianta dizer que foi erro por causa do horário de verão, porque ele escreveu
“vamos aguardar o final da apuração”. Se estivesse escrevendo às 20h26m, jamais
diria isso, pois Dima já estava “eleita”.
10) E na
“coincidência”, o site do PT anunciou a vitória de Dilma às 19h35m, com precisão
impressionante, dizendo que ela tivera (na verdade, teria) 51,57% dos votos. Um
erro de apenas 0,7%, ou seja, precisão de fazer inveja a qualquer “instituto de
pesquisa. E não dá para negar, está lá no site do PT.
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