segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Combate à corrupção? Dilma adia

Para quem insiste no chavão gasto de que combaterá a corrupção “doa a quem doer”, editar uma MP para adiar a vigência de uma lei moralizadora não é um bom remédio.
 Quatro dias depois de ser reeleita, a presidente Dilma Rousseff adiou por seis meses a entrada em vigor da lei das ONGs, que estabelece regras mais rígidas para a contratação de entidades sem fins lucrativos. Fora o absurdo de sustar a vigência de uma lei aprovada pelo Congresso com uma Medida Provisória, que constitucionalmente só poderia ser editada em casos de relevância e urgência, o ato é mais uma demonstração da distância abissal entre as palavras da presidente e suas ações. Incluso aí o combate à corrupção.

Estudo realizado pelo Ipea revela que, entre 2003 e 2011, a União repassou quase R$ 30 bilhões a 10 mil entidades sem fins lucrativos, 15% do total das transferências feitas no período. Atualmente, 3.500 contratos estão em execução, sendo que só neste ano o desembolso já bate em R$ 900 milhões.

O volume de recursos associado a leis frouxas estimula a corrupção e denigre a imagem das ONGs sérias.

A fartura é tanta que a ONG Articulação Semiárido Brasileiro custeou a ida de 99 ônibus para um comício de Dilma em Petrolina (PE).  Favor barato para quem recebeu repasses de R$ 587,3 milhões em quatro anos, R$ 172,8 milhões em 2014.

As relações entre o governo e as ONGs são uma caixa preta. Foram alvo de CPI inconclusa em 2009 e de dezenas de denúncias de corrupção. Também foram falcatruas envolvendo ONGs que deceparam as cabeças dos ministros Carlos Lupi (Trabalho), Pedro Novais (Turismo) e Orlando Silva (Esporte), no primeiro ano de Dilma, quando foi aconselhada a se travestir de faxineira.

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