O petismo remanescente deixa um grande saldo de mistificação
e rancor. Tem sido recorrente nesta campanha eleitoral o apelo de
partidários do PT à indulgência à corrupção no governo em nome de programas
sociais e o repúdio às críticas à presidente Dilma em nome de seu passado na
resistência à ditadura.
Talvez algumas pessoas se surpreendam ao saber que
participei da luta contra a ditadura, fui preso e torturado no DOI-CODI.
Procuro ser discreto em relação a isso, embora não me envergonhe nem me
arrependa de minhas posições e ações políticas.
O fato de ter sido preso, torturado, vigiado e perseguido na
ditadura não me torna melhor que ninguém nem me dá nenhuma autoridade.
Mas essa experiência me ensinou que não se deve tratar
adversários políticos como inimigos nem usar técnicas goebbelslianas contra
opositores, repetindo milhões de vezes mentiras com o propósito de
transformá-las em verdades.
ASSALTO AO ESTADO
Pela mesma razão, considero vergonhoso o uso de slogans e
discursos de justiça social para justificar o assalto ao estado e ao povo, das
bilionárias transações na Petrobras aos desvios de dinheiro da merenda das
crianças e do remédio dos hospitais.
Seja qual for o resultado desta eleição, a indigência
argumentativa do petismo remanescente deixa um grande saldo de mistificação e
rancor. É o resultado da divisão da sociedade em “nós e eles”, da
desmoralização da política, da mercenarização da militância, da domesticação do
movimento social, da transformação da corrupção em política de governo, da
demonização dos adversários e desse projeto de “Reich de mil anos”, entre
tantas outras perversões e contrafações.
Ainda vai ser feito um inventário do estrago que estes 12 anos
de PT causou à democracia brasileira. Consertar isso vai ser uma tarefa para
gerações. E ainda não conseguimos superar a herança da ditadura.
DEBANDADA
Muitos petistas se aborreceram com isso e deixaram o
partido, a exemplo de Marina Silva, Fernando Gabeira, Hélio Bicudo, Cristovam
Buarque e Vladimir Palmeira.
Os petistas remanescentes estão em companhia de Fernando
Collor, José Sarney, Garotinho, Jader Barbalho, Paulo Maluf, Katia Abreu, Eike
Batista e Fernando Cavendish.
Mesmo assim se consideram de esquerda e chamam os opositores
de direitistas. Se refletissem um pouco, perceberiam que o PT perverteu a
esquerda e ressuscitou a direita no Brasil.
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