terça-feira, 21 de outubro de 2014

Enigma que nos devora


A corrupção e a estagnação são filhas do dirigismo econômico e da concentração de poder político.
Os negócios de grandes grupos de interesse econômico com partidos políticos desidratados a serviço de um desenvolvimentismo estatizante são o nosso passado recente sob o regime militar. Ali foi moldado este aparelho de Estado dirigido por uma tecnoburocracia administrativa centralizada, este Leviatã alimentado por uma aliança entre autoritarismo político e oportunismo econômico.

A associação histórica entre enormes estruturas burocráticas de administração centralizada e a degeneração de regimes políticos é bem documentada. Tocqueville registrou a tradição dirigista francesa de centralização burocrática como um eixo de autoritarismo atravessando os tempos dos monarquistas, dos revolucionários e dos bonapartistas.

O despotismo absolutista, o Terror e as guerras napoleônicas resultaram dessa engrenagem dirigista. O mesmo dirigismo burocrático prussiano arquitetado por Bismarck, da máquina militarista imperial aos correios, às ferrovias e à previdência social, foi muito além do Antigo Regime.

Prosperou em meio à avalanche social-democrata da República de Weimar e atingiu seu clímax com o capitalismo de Estado sob o regime do Partido Nacional-Socialista na Alemanha de Hitler.

Das vítimas do stalinismo aos dissidentes na China contemporânea e aos não bolivarianos hoje perseguidos, a questão política não pode ser apenas como chegar ao poder, mas essencialmente em que grau se exerce tal poder. Como nunca se sabe quem será o próximo a controlar a máquina de moer adversários, é fundamental limitar seu grau de arbítrio.

O caminho para asfixiar a corrupção e recuperar a dinâmica de crescimento é acelerar as reformas de modernização. “A economia perdeu sua vitalidade. Acumulam-se os problemas. Instalaram-se a deterioração e a estagnação”, diagnosticava Mikhail Gorbachev em “Perestroika” (1987).

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