A corrupção e a estagnação são filhas do dirigismo econômico e da concentração de poder político.
Os negócios de grandes grupos de interesse econômico com
partidos políticos desidratados a serviço de um desenvolvimentismo estatizante
são o nosso passado recente sob o regime militar. Ali foi moldado este aparelho
de Estado dirigido por uma tecnoburocracia administrativa centralizada, este
Leviatã alimentado por uma aliança entre autoritarismo político e oportunismo
econômico.
A associação histórica entre enormes estruturas burocráticas
de administração centralizada e a degeneração de regimes políticos é bem
documentada. Tocqueville registrou a tradição dirigista francesa de
centralização burocrática como um eixo de autoritarismo atravessando os tempos
dos monarquistas, dos revolucionários e dos bonapartistas.
O despotismo absolutista, o Terror e as guerras napoleônicas
resultaram dessa engrenagem dirigista. O mesmo dirigismo burocrático prussiano
arquitetado por Bismarck, da máquina militarista imperial aos correios, às
ferrovias e à previdência social, foi muito além do Antigo Regime.
Prosperou em meio à avalanche social-democrata da República
de Weimar e atingiu seu clímax com o capitalismo de Estado sob o regime do
Partido Nacional-Socialista na Alemanha de Hitler.
Das vítimas do stalinismo aos dissidentes na China
contemporânea e aos não bolivarianos hoje perseguidos, a questão política não
pode ser apenas como chegar ao poder, mas essencialmente em que grau se exerce
tal poder. Como nunca se sabe quem será o próximo a controlar a máquina de moer
adversários, é fundamental limitar seu grau de arbítrio.
O caminho para asfixiar a corrupção e recuperar a dinâmica
de crescimento é acelerar as reformas de modernização. “A economia perdeu sua
vitalidade. Acumulam-se os problemas. Instalaram-se a deterioração e a estagnação”,
diagnosticava Mikhail Gorbachev em “Perestroika” (1987).
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