Lula e Marina, os dois fenômenos políticos mais fascinantes da história recente, são filhos de Brasis que se desconhecem
Há uma ideia no Brasil de que os pobres são todos iguais. É
uma visão de senso comum, mas que assinala a análise também de intelectuais.
Ela explica a afirmação de que Luiz Inácio Lula da Silva e Marina Silva têm
biografias parecidas – e a de que Marina teria sido a sucessora mais natural de
Lula, não fossem as divergências que a levaram a deixar o Ministério do Meio
Ambiente e depois o PT. Para chegar ao poder num país desigual como o Brasil,
Lula e Marina fizeram uma travessia impressionante, uma espécie de jornada de
herói. Mas as semelhanças acabam aí. Há enormes diferenças entre a trajetória
de um filho de sertanejo que fez o caminho de São Paulo e se tornou operário e
depois líder sindical, na região mais industrializada do país, e a trajetória
de uma filha de seringueiro, seringueira ela também, na floresta amazônica, que
iniciou sua carreira política em um estado como o Acre. Para alcançar a riqueza
desse momento histórico do Brasil é preciso compreender que os Silva são diferentes.
Lula e Marina são ambos filhos do Brasil, mas de Brasis bem
diversos. E é exatamente por causa de diferenças fundamentais de visões de
mundo que, a certa altura, Marina não encontrou mais lugar no projeto do
“lulismo”, usando a expressão do cientista político André Singer.
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