sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Sebastianismo brasileiro


Marina Silva, a herdeira da candidatura de Campos, é a figura mais perigosa com a qual o PT se poderia chocar
Em 4 de agosto de 1578, Sebastião I, de Portugal, morreu na batalha de Alcácer-Quibir. Assim nasceu o sebastianismo, um movimento que profetizava o retorno do monarca morto para conduzir a nação. O mito se arraigou no Nordeste brasileiro e adquiriu com os séculos diversas modulações. A confiança em que a morte possa prover a política de uma redenção messiânica parece visitar de novo o Brasil nestes dias. As emoções desatadas pelo trágico desaparecimento de Eduardo Campos, o candidato presidencial do Partido Socialista Brasileiro (PSB), revolucionaram a campanha. Campos é, post mortem, o representante de muitos cidadãos que mal o conheciam quando estava vivo. Essa canonização agiganta a sua vice, Marina Silva, que ocupou o seu lugar. Dilma Rousseff nunca suspeitou que sua reeleição enfrentaria um desafio tão arriscado, tão inesperado.

A fórmula inicial do PSB tinha a extravagância de que Marina era muito mais conhecida do que Campos. Em 2010, ela havia conseguido 20 milhões de votos como candidata a presidente. E em meados de 2013 superava Dilma nas pesquisas. Com a morte de Campos o risco para Dilma se multiplicou. Segundo o Datafolha, Marina deslocou Aécio Neves, do PSDB, para o terceiro lugar. O PSB passou de 8% para 21%. Em um eventual segundo turno contra Dilma, Marina triunfaria.

A herdeira de Campos é a figura mais perigosa com que o PT se poderia chocar. Não é, como Aécio, um antibiótico. É uma vacina. É composta de uma substância parecida com a de seu rival.

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