O atraso de uma cidade não se mede apenas pelo que falta. A
medida também pode ser feita pelos projetos, na maioria, em desuso por outras
administrações e até não conformes com o politicamente correto. O abuso
constante das populações através de obras e ações nada mais do que demagógicas
e eleitoreiras entram no cálculo desse atraso que assola a maioria das
administrações municipais pelo país afora.
Embora sejam uma maravilha nos folhetos de propaganda, nas
matérias pagas dos jornais, na boca dos correligionários cooptados pelo
dinheiro, em discursos babosos, os municípios assim administrados estão mais do
que atrasados. Estão mesmo enfiados num lodaçal de canalhocracia, pois a
calhordice virou mel na boca de muitos.
Com a ignorância que lhes é peculiar, os governantes e seus
asseclas disparam loas a projetos de meia pataca como se fossem as mais
revolucionárias realizações. Não só por serem canastrões de marca inferior como
ainda por cima desclassificados para os cargos comissionados que ocupam. A
ignorância entre eles é crassa de modo que transferem essa carga miasmática de
burrice aos propalados projetos.
Exemplo recente está com um secretário, ou secretino, como
já se convencionou chamar a canalha governamental em Maricá. Desqualificado
de carteirinha, fala de uma “política cultural que aposta na oferta de atrações
gratuitas para todos”, que nada mais é do que a gastança de dinheiro público
para apresentação de shows como se os artistas da arraia miúda fossem a única
opção de cultura para o município acima da literatura, das artes plásticas, da
música erudita e popular de qualidade. E tudo oferecido com a velha e
desgastada chancela de gratuidade, que não passa de um engodo, mais um, quando
se sabe que o dinheiro para os shows comerciais são tirados de setores
importantes para a sociedade como saúde e educação.
"Continuamos a ser um dos poucos povos do mundo que acreditam na existência de alguma coisa gratuita. E talvez o único em que o governo chancela, com dinheiro do cidadão, o aviltamento de marcos essenciais ao autorrespeito cultural e à identidade da nação, ao tempo em que incentiva o empobrecimento da língua e a manutenção do atraso e do privilégio"
Nenhum comentário:
Postar um comentário