segunda-feira, 16 de junho de 2014

Política cultural do atraso

O atraso de uma cidade não se mede apenas pelo que falta. A medida também pode ser feita pelos projetos, na maioria, em desuso por outras administrações e até não conformes com o politicamente correto. O abuso constante das populações através de obras e ações nada mais do que demagógicas e eleitoreiras entram no cálculo desse atraso que assola a maioria das administrações municipais pelo país afora.
Embora sejam uma maravilha nos folhetos de propaganda, nas matérias pagas dos jornais, na boca dos correligionários cooptados pelo dinheiro, em discursos babosos, os municípios assim administrados estão mais do que atrasados. Estão mesmo enfiados num lodaçal de canalhocracia, pois a calhordice virou mel na boca de muitos.
Com a ignorância que lhes é peculiar, os governantes e seus asseclas disparam loas a projetos de meia pataca como se fossem as mais revolucionárias realizações. Não só por serem canastrões de marca inferior como ainda por cima desclassificados para os cargos comissionados que ocupam. A ignorância entre eles é crassa de modo que transferem essa carga miasmática de burrice aos propalados projetos.
Exemplo recente está com um secretário, ou secretino, como já se convencionou chamar a canalha governamental em Maricá. Desqualificado de carteirinha, fala de uma “política cultural que aposta na oferta de atrações gratuitas para todos”, que nada mais é do que a gastança de dinheiro público para apresentação de shows como se os artistas da arraia miúda fossem a única opção de cultura para o município acima da literatura, das artes plásticas, da música erudita e popular de qualidade. E tudo oferecido com a velha e desgastada chancela de gratuidade, que não passa de um engodo, mais um, quando se sabe que o dinheiro para os shows comerciais são tirados de setores importantes para a sociedade como saúde e educação.



"Continuamos a ser um dos poucos povos do mundo que acreditam na existência de alguma coisa gratuita. E talvez o único em que o governo chancela, com dinheiro do cidadão, o aviltamento de marcos essenciais ao autorrespeito cultural e à identidade da nação, ao tempo em que incentiva o empobrecimento da língua e a manutenção do atraso e do privilégio"

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