E não me venham com a velha lenga-lenga de que o caboclo está tocando fogo para plantar ou fazer campo pra gado.
A floresta, antes conhecida por sua umidade constante e por abrigar uma biodiversidade incomparável, agora está se tornando mais seca a cada ano, com temperaturas mais altas e uma redução alarmante nos índices de chuva. As árvores, que antes eram um dos maiores sumidouros de carbono do planeta, estão agora vulneráveis a incêndios frequentes, muitas vezes iniciados por atividades humanas, mas que, dadas as condições atuais, parecem surgir de forma quase mágica. A “combustão espontânea” da floresta, embora seja um termo figurado, representa bem o que muitos cientistas têm alertado: a Amazônia pode estar caminhando para um ponto de não retorno.
O esquadrão de bombeiros à beira da estrada, atônito, representa a nossa impotência diante desse cenário. Eles estão ali, mas não sabem como agir. Afinal, como combater um incêndio que parece brotar da própria terra? No fundo, eles sabem que a solução não está apenas na água e nas mangueiras, mas nas mãos dos cientistas e na colaboração internacional para entender e mitigar as causas desse desastre ambiental.
A situação atual da Amazônia requer ação imediata e uma mobilização massiva da comunidade científica internacional. É imperativo colocar os institutos de pesquisa para trabalhar. Precisamos de soluções baseadas em ciência e tecnologia, e isso só será possível com a união de universidades e centros de pesquisa do Brasil e do mundo. Instituições com grande poder de pesquisa, como as universidades federais e estaduais do país, além de centros internacionais de excelência, devem ser envolvidas nesse esforço.
Os cientistas precisam investigar as mudanças climáticas que estão intensificando a seca na Amazônia e aumentar o monitoramento sobre o uso da terra. O desmatamento desenfreado, a conversão de áreas florestais em pastagens e a extração ilegal de madeira são fatores que tornam a floresta ainda mais vulnerável ao fogo. A presença de grandes áreas desmatadas cria uma espécie de “efeito dominó”, onde incêndios florestais se espalham com maior facilidade, devastando o que resta de mata nativa. E, no ritmo em que estamos, a Amazônia pode não resistir a mais dez verões severos como os que temos enfrentado. No Amazonas, o programa “COMPANHEIROS DAS AMÉRICAS”, em que o Amazonas é o estado irmão do Tennessee, as duas universidades estaduais poderiam começar uma colaboração, pois o know-how do estado americano, em barragens e plantações de várzeas, é um dos maiores do mundo.
Além da questão climática, há também a falta de fiscalização e políticas públicas efetivas que inibam a destruição da floresta. Sem controle, os incêndios — espontâneos ou não — continuarão a se proliferar. Um ponto crucial é a necessidade de criar mecanismos eficazes de prevenção de incêndios e educação ambiental para as populações locais e os produtores rurais.
As universidades brasileiras, com sua vasta capacidade de pesquisa, são um ativo inestimável nesse processo. Contudo, precisamos também de ajuda externa. As parcerias com universidades estrangeiras, especialmente aquelas especializadas em clima e biomas tropicais, podem trazer novas tecnologias e abordagens inovadoras para salvar a floresta. A cooperação internacional é essencial, porque a Amazônia não é só brasileira — ela é patrimônio da humanidade.
Se não agirmos agora, a floresta amazônica pode se transformar, em poucos anos, de um santuário exuberante em um deserto carbonizado. A situação pode até parecer absurda, como um esquadrão de bombeiros assistindo impotente à “combustão espontânea” da floresta, mas não podemos subestimar os sinais de alerta que a natureza nos envia. Se continuarmos negligenciando a Amazônia, ela realmente poderá começar a “pegar fogo do nada”, e nesse momento, não haverá: nem curupira, nem bombeiro, nem mangueira, nem ciência capaz de reverter o estrago.
A floresta, esse bebê abandonado, precisa de cuidados urgentes, e nós, como sociedade, devemos nos unir para impedir que o futuro da Amazônia seja um triste conto de cinzas.
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