Aliás, essa ignorância, a atitude e a arrogância de escamoteá-la são causas adicionais do atual descrédito nas instituições políticas e da radicalização da opinião pública, fenômeno este decorrente, também, dos algoritmos polarizadores do Facebook e do Twitter.
Um raro político a se confessar ignorante é o inglês Rory Stewart. Parlamentar, perdeu a disputa da liderança do partido conservador para Boris Johnson, abandonou a política e foi professor em Harvard e Yale. Seria bom instituir mecanismos que levassem outros políticos a seguir seu exemplo e reconhecer suas limitações: melhoraria a democracia.
A seguir, algumas das suas confissões, publicadas no The Guardian (16/09/23). Impressionante como elas, embora se refiram à política do Reino Unido, se aplicam como luva à realidade brasileira, e de outros países!
Stewart chegou ao parlamento em 2010, “em meio a pessoas que se pareciam com ele e compartilhavam as mesmas ideias. Então, enquanto o mundo mudava de maneiras inimagináveis, ele assistia horrorizado que as pessoas não acompanhavam as mudanças”.
Como ministro, em 2015, responsável por enchentes, florestas, parques nacionais, qualidade do ar, entre outros assuntos “sobre os quais eu sabia quase nada”, fui surpreendido pelos efeitos da maior chuva jamais ocorrida na Inglaterra “e fiz um comentário idiota”. “Sentia-me como um ator menor, parte da antiga tradição de ministros subqualificados e desequilibrados imersos na prática política britânica”.
“Em 2015, a ministra do meio ambiente, Liz Truss (posteriormente primeira-ministra do Reino Unido defenestrada poucas semanas após a posse) me pediu para preparar um plano de dez pontos para os parques nacionais, apenas uma semana após a minha posse, assim revelando que o que parecia ser política pública era simplesmente uma peça de propaganda desenhada para dar ilusão de dinamismo”.
“Eu havia descoberto quão grotescamente subqualificados tantos de nós éramos, inclusive eu, para os cargos que ocupávamos. Fui ministro de cinco diferentes ministérios em pouco mais de três anos e fui responsável por todas as prisões da Grã-Bretanha sem saber nada sobre prisões, o serviço prisional, a lei e a liberdade condicional”. “É uma cultura que privilegia a campanha em detrimento de uma governança cuidadosa, pesquisas de opinião em detrimento de debates aprofundados sobre políticas, anúncios em lugar de implementação”.
Pulando da Inglaterra para o Brasil, tivemos na semana passada uma “reforma ministerial” para incluir duas pessoas no primeiro escalão, embora, por semanas, não se soubesse qual ministério seria atribuído a qual delas! Conhecimento do assunto? Não importa. A solução? Mais verbas, com menos controle!
Isso pode dar certo, no sentido de contribuir para melhorar a qualidade e vida dos brasileiros mais necessitados?
A seguir, algumas das suas confissões, publicadas no The Guardian (16/09/23). Impressionante como elas, embora se refiram à política do Reino Unido, se aplicam como luva à realidade brasileira, e de outros países!
Stewart chegou ao parlamento em 2010, “em meio a pessoas que se pareciam com ele e compartilhavam as mesmas ideias. Então, enquanto o mundo mudava de maneiras inimagináveis, ele assistia horrorizado que as pessoas não acompanhavam as mudanças”.
Como ministro, em 2015, responsável por enchentes, florestas, parques nacionais, qualidade do ar, entre outros assuntos “sobre os quais eu sabia quase nada”, fui surpreendido pelos efeitos da maior chuva jamais ocorrida na Inglaterra “e fiz um comentário idiota”. “Sentia-me como um ator menor, parte da antiga tradição de ministros subqualificados e desequilibrados imersos na prática política britânica”.
“Em 2015, a ministra do meio ambiente, Liz Truss (posteriormente primeira-ministra do Reino Unido defenestrada poucas semanas após a posse) me pediu para preparar um plano de dez pontos para os parques nacionais, apenas uma semana após a minha posse, assim revelando que o que parecia ser política pública era simplesmente uma peça de propaganda desenhada para dar ilusão de dinamismo”.
“Eu havia descoberto quão grotescamente subqualificados tantos de nós éramos, inclusive eu, para os cargos que ocupávamos. Fui ministro de cinco diferentes ministérios em pouco mais de três anos e fui responsável por todas as prisões da Grã-Bretanha sem saber nada sobre prisões, o serviço prisional, a lei e a liberdade condicional”. “É uma cultura que privilegia a campanha em detrimento de uma governança cuidadosa, pesquisas de opinião em detrimento de debates aprofundados sobre políticas, anúncios em lugar de implementação”.
Pulando da Inglaterra para o Brasil, tivemos na semana passada uma “reforma ministerial” para incluir duas pessoas no primeiro escalão, embora, por semanas, não se soubesse qual ministério seria atribuído a qual delas! Conhecimento do assunto? Não importa. A solução? Mais verbas, com menos controle!
Isso pode dar certo, no sentido de contribuir para melhorar a qualidade e vida dos brasileiros mais necessitados?
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