Nesse período, apesar do sucesso dos programas de transferência de renda no Brasil, em particular do Bolsa Família, a redução da pobreza foi muito mais intensa nos outros países emergentes, em particular na China, que retirou mais de meio bilhão de chineses da miséria. Nos números da desigualdade, a queda quase contínua que se observa desde o pósreal foi revertida a partir de 2014. Daí em diante só se agravou, com a pá de cal sendo a pandemia, que tornou mais pobres os pobres. Devolvemos o que levamos décadas para, a duras penas, melhorar.
Nossa produtividade anda de lado – e, mais recentemente, para trás. Um trabalhador brasileiro tem o equivalente a 25% da produtividade de um trabalhador nos países desenvolvidos. Era 30% na década de 90. Nossos pares, antes muito menos produtivos do que o
Brasil, encostaram nos nossos números e, ao contrário de nós, continuam reduzindo a diferença que os afasta do desenvolvimento. Em paralelo, quase não investimos. Em infraestrutura, os 2% de investimento do PIB em média nos últimos 25 anos não dão sequer para cobrir a depreciação do estoque de capital físico que, com alto custo, acumulamos.
O Brasil de 2000 que em termos relativos empobrecia, nos anos 2010 empobreceu também no absoluto. Em 2022, segundo ano do que aponta para ser a nossa terceira década seguida de atraso, talvez tenhamos uma chance de reversão.
Ou não. Afinal, as mesmas práticas e ideias que nos trouxeram aos números acima continuam vivas e ainda encantam, apoiadas no atual obscurantismo e dando voz ao messianismo e ao populismo. São todos parte desse grande trem fantasma em que o Brasil se transformou. O Brasil não merece insistir nos mesmos erros, sejam eles mais ou os menos recentes. Estejam eles à direita ou à esquerda. Merecemos, finalmente, avançar.
Os dados citados têm como fontes o IBGE, a Penn World Table e o Banco Mundial.
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