Um formidável conjunto de adjetivos, listados acima, tem sido associado ao presidente do Brasil ao longo de seu mandato por pessoas de diferentes idades, níveis de instrução e origens. Essas qualidades atingiram uma diversidade espantosa durante a pandemia, em dezenas de artigos na imprensa nacional e estrangeira.
B. é considerado hoje o pior líder do planeta no combate ao novo coronavírus. Pior do que Trump, segundo o Washington Post. Uma ameaça ambulante à vida humana e ambiental. E, portanto, à viabilidade comercial e econômica do Brasil como parceiro. B. não apenas corta água potável para os índios ou queima a Amazônia. Ele corta nosso oxigênio cultural e educacional. É o ciclone-bomba.
Percebam que não há nesses adjetivos duros nenhum viés ideológico. Não escrevi “fascista”. São falhas sobretudo de caráter, que não definem extrema direita ou extrema esquerda.
O mais carinhoso adjetivo atribuído a B. foi o primeiro, o “tosco”, quando ainda só falava errado e se gabava de comer pão com leite condensado. Depois, o país condescendente o chamou de populista de direita. Mas populista costuma ter apoio de 70% e não 30%. Nem sei se continua popular em casa.
Coitada da Michelle. Em cerimônia do Dia Internacional da Mulher, ela precisou parar o discurso e se dirigiu a B.: “Psiu, eu estou falando. Posso continuar?” A primeira-dama prometia “um Brasil mais justo, seguro e inclusivo”. Imagino por que Michelle não aparece mais e, nas raras vezes, está de máscara. A pandemia mostrou a pior face de seu esposo.
Você leu, Michelle, que o governo do B. se aliou à Arábia Saudita para vetar o termo “educação sexual” em resolução na ONU contra a discriminação de mulheres e meninas? E que o Brasil agora se opõe a citar “saúde sexual e reprodutiva” num texto de países africanos destinado a banir a mutilação genital feminina? Essa violência indizível atinge 3 milhões de meninas por ano. Cristã, como você se sente? Ou sua leitura se resume às fake news produzidas no Palácio?
Articulistas estrangeiros dizem sentir “pena, raiva e vergonha” pelo Brasil. Mesmo sem ser brasileiros. Citando o Juan Arias, do El País: “O que aflige Bolsonaro é algo muito mais grave, é uma doença da alma, uma doença sem cura. Alardeia ser católico, evangélico e se importar mais com a Bíblia do que com a Constituição. Deveria saber que nesses textos fica evidente que todos os pecados podem ser perdoados, menos o da soberba que pressupõe que a pessoa se coloca acima de Deus. O vírus de Bolsonaro é de um gênero diferente do que já contagiou milhões. O seu é diabólico”.
Se for verdade que contraiu o novo coronavírus e não virou apenas um mercador da cloroquina ou um miliciano da medicina, B. é inqualificável em seu comportamento na doença. Diz que “máscara é coisa de viado”, não dispensa assessores e aperta a mão de visitas constrangidas, segundo Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo. Age como homem-bomba, com a diferença de que não vai explodir junto porque não tem vocação para mártir.
B. não é homem-bomba. Repetindo: é o ciclone-bomba. O fenômeno, com rajadas impiedosas de vento que causaram estragos e mortes, é provocado pelo choque de massas. Se você não confiar na reação do STF e do Congresso, ao menos confie nos meteorologistas. O B. vai passar.
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