O ruído é uma epidemia, embora durante muitos anos tenha havido um boicote das autoridades, caso da própria Organização Mundial da Saúde e dos ministérios da Saúde, que bloquearam os resultados dos estudos feitos nas últimas décadas por entenderem que eram politicamente desconfortáveis. Mas os novos estudos são absolutamente demolidores e é impossível esconder mais. As estimativas feitas, e só com os dados da Europa Ocidental, apontam para que anualmente haja mais de um milhão de anos perdidos (mortes e anos de vida saudável, designados por disability adjusted life years). Mesmo com pressupostos muito conservadores, são 61 mil anos perdidos por doenças cardíacas, 900 mil anos em perda de vida saudável por distúrbios de sono, que não chega a ser profundo e reparador, e 45 mil por distúrbios cognitivos de crianças.
O ruído não é uma causa direta de morte, como aliás a poluição atmosférica não o é. Morre-se e perdem-se anos de vida saudável das complicações de saúde que resultam de uma resposta de stresse aguda se converter em crónica. O problema está no desgaste: quanto menos se conseguir controlar a origem do estímulo e confrontá-lo, maior o risco de danos físicos e psicológicos. No início, as pessoas até podem ficar mais ativas na tentativa de controle, mas se os esforços não funcionarem surge o chamado desamparo aprendido, que leva ao isolamento social. Seguem-se as complicações psico-fisiológicas: primeiro vem o incómodo, depois a desregulação hormonal e a hipertensão até aos problemas de coração.
Nenhum comentário:
Postar um comentário